sexta-feira, março 30, 2007

Pacheco Pereira

O culpado


«O Povo» depois de aturada investigação conseguiu a imagem do culpado do infame crime que foi o cartaz do PNR. Chama-se Harry, é neto da rainha de Inglaterra, filho da Princesa Diana e do Príncipe Carlos. Depois de colar o cartaz, acompanhado de mais uns perigosos nazis, dirigiu-se para comemorar na Kapital, famosa discoteca da noite lisboeta onde o surpreendemos de copo na mão.

Não posso ir porque tenho que trabalhar mas peço a quem possa que vá

quinta-feira, março 29, 2007

Covardes

O Miguel Castelo branco recebeu ameaças de morte de uns covardes que matam pela internet.


É manda-los badamerda e não lhes ligar peva

Está até muito bom…


E
O que é que o cartaz tem de mal?
De proibido pela constituição?Tão maluquinhos concerteza...
Está até muito bom…Parabéns Pinto Coelho

Abriu a caça aos «fascistas»

Eu não concordo nem com a mensagem que o PNR passa contra os imigrantes nem com a urgência dessa preocupação. Dada a falta de gente que queira trabalhar os imigrantes têm sido fundamentais para que a miséria não ataque ainda mais o povo português. Mas isso não quer dizer que não ache que o PNR não tem o direito de defender politicas restritivas de imigração. Tem o direito e se acha que essa é a prioridade fundamental deve-a defender.

O histerismo que se apossou hoje dos «anti-fascistas» na Assembleia da Republica dá vontade de rir.
Os defensores da liberdade, os defensores da liberdade de expressão, os defensores dos partidos querem impedir um partido de exprimir as suas ideias. Querem arrancar o cartaz do PNR, legalmente querem limitar portugueses de fazerem publicidade das suas ideias. Têm medo das ideias que não sejam iguais às suas. Com ar valente mas protegidos por policias e governos, leis e juízes , vão abrir a caça aos «fascistas».

Um estado que permite que desertores se sentem no parlamento, deixa que esses dêem lições de moral ao povo. Querem proibir, querem prender. O Salazar ganhou e eles estão em pânico. Ainda não têm a certeza bem a certeza que morreu, talvez o desenterrem para fazerem testes de DNA.

Empresarios de Portugal: SUICIDEM-SE

A Atlântico faz dois anos. Parabéns à Atlântico, seja um prazer ou uma irritação é sempre bom ter esta revista para ler.

Conta hoje a história de um empresário alemão que se suicidou depois de estar há 6 anos a tentar abrir um restaurante e no fim , no dia da inauguração, descobrir que a licença que lhe deram estava em nome de outro.

Acho que fez muito bem e não deve ser o único.

Ao contrário do que a Atlântico diz a licença estando em nome de outro não lhe permitia a ele segunda a lei trabalhar.

Sei de um caso, de uma tentativa de averbamento de uma licença, que está há mais de dez anos numa câmara e ainda não foi averbada.

Esta é a solução para obrigar o estado a acabar com tanta burocracia. O suicídio.

Se os empresários se começarem a suicidar (de preferência com uma bomba à cintura, e já agora, no parlamento(não pode é haver bola senão não está lá ninguém)) talvez o governo, (ou o que restar dele), comece a dar a devida atenção ao assunto.

Para não me acusarem de incentivo a actividades terroristas e não vá haver algum procurador com falta de humor digo desde já que isto é uma piada, mas que resultava , não tenho dúvidas que resultava…)

terça-feira, março 27, 2007

Politica


Política na Democracia

O Combate do Futuro


Diz o Corcunda em Autoridades
«Muita gente fala do totalitarismo sem ter uma ideia do que é. O totalitarismo não é um gradiente de violência aplicada pelo Estado, mas uma concepção do Estado como ordenador, por vontade própria, de todas as realidades da vida humanaE eu acrescento:
Nem nada que ver com democracia ou falta dela, com parlamentarismo ou ditadura , com liberdade de imprensa ou a falta dela.»

Totalitarismo é o que estamos a começar a viver.

Um Estado que regula tudo e se mete em tudo.
Que proíbe o fumo e as gorduras, que só entrega uma filha aos pais depois de analisar a situação, proíbe os queijos e os tremoços, as tradições e os costumes, regula o tamanho da retrete e do piaçá, a cor das paredes e o material da portas, o cinto de segurança e o capacete e proíbe uma família com quatro filhos de se deslocar no seu automóvel.

Isto é totalitarismo e é este o Combate do Futuro

segunda-feira, março 26, 2007

Mais um bocado e confessava ter escrito a Bíblia…

«Khalid Sheikh Mohammed, de 41 anos, o alegado cérebro dos atentados de 11 de Setembro, terá reconhecido a sua responsabilidade nos ataques ao World Trade Center e Pentágono bem como noutros planeados pela rede terrorista al-Qaeda, segundo a transcrição de uma gravação divulgada em Washington.

"Fui responsável pela operação de 11 de Setembro de A a Z. Eu era o director de operações de Osama bin Laden para a organização, planificação, acompanhamento e execução dos atentados" afirmou, através do seu representante, membro do Exército norte-americano, revelando que o seu longo depoimento foi feito sem qualquer pressão, ou ameaças.Mohammed, detido no Paquistão, em Março de 2003, e trasladado no ano passado para a base militar norte-americana de Guantánamo, em Cuba afirma não se sentir "feliz" pela morte das pessoas, tendo pedido perdão por isso. O prisioneiro admitiu a responsabilidade das 31 operações da al-Qaeda de que é acusado, entre elas duas tentativas de assassinato contra os ex-presidentes dos EUA, Bill Clinton e Jimmy Carter, e contra o falecido Papa João Paulo II.Confessou igualmente ter sido o autor dos atentados com carros armadilhados contra o Word Trade Center, em 1993, pelos atentados de Bali em 2002, que causaram a morte a mais de duas centenas de pessoas, e pelas tentativas de ataques contra aviões norte-americanos utilizando bombas transportadas em sapatos.Reconheceu ainda que, após o 11 de Setembro, preparou uma nova vaga de atentados contra a Library Tower de Los Angeles, a Torre Sears de Chicago e o Empire State Building de Nova Iorque, entre outros. Entre os seus planos constava também a destruição do canal do Panamá, do porto de Singapura, assim como de barcos e petroleiros norte-americanos nos estreitos de Ormuz e Gibraltar.»

Correio da Manha 15/3/2007
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Margarina

A coisa que mais me divertiu no programa de ontem foi a cara de Paulo Portas. Não sabia onde é que se havia de enfiar,sempre com a palavra na ponta da língua, gaguejou e repetiu a estupidez que já tinha dito. Qualquer coisa como :
-O século XX foi dos piores da História Portuguesa, não se avançou…

O Dr Portas não percebeu (não percebeu nem vai perceber) que não há direita portuguesa se esta não aceitar Salazar.

Direita portuguesa sem o legado de Salazar é a mesma coisa que manteiga sem leite: é margarina…

Escrevam ao Presidente!

Jaime Nogueira Pinto

Jaime Nogueira Pinto mostrou que é um homem de coragem. Não foi fácil aguentar a Odete. Não foi fácil aguentar a Elisa. Não foi fácil aguentar a Clara. Não foi fácil aguentar os politicamente correctos.

Defender Salazar, mostrando a cara, dando o nome, na televisão, cercado por gente hostil mostra que Jaime Nogueira Pinto é realmente corajoso.

O grande vencedor foi Jaime Nogueira Pinto, nada vai ficar na mesma para ele.

Salazar ganhou, mas no país nada mudou. Foi apenas um concurso.

Salazar foi a votos e ganhou.

O PC mostrou a sua fragilidade. O PS mostrou a sua impotência.

As maquinas partidárias são um bluff.

sábado, março 24, 2007

Da revolução

Da revolução no ORTOGAL

A chamada diversidade totalitária da Nova Europa

A chamada diversidade totalitária da Nova Europa no Portas do Cerco

sexta-feira, março 23, 2007

Chips

Marca na hora

Tentei registar a marca nunodacamarapereiraparvalhão.pt mas não consegui parece que a marca na hora ainda não está a funcionar
Aqui :Portas do Cerco

O Corcunda

O Pasquim da Reacçao faz tres anos.
Para mim é o melhor de todos parabéns

Suspeito

Tanto silencio é suspeito. Quantos dótores não foram fabricados da mesma maneira? Quantos políticos são dótores pela Independente ou outra parecida?

Parece que há muitos telhados de vidro nos jornais e no Parlamento

quinta-feira, março 22, 2007

Um belo sarilho

O Engenheiro Sócrates é Engenheiro. O que pode ser grave nesta história é a forma como conseguiu ser Engenheiro, Se é ou não é aceite pela Ordem para mim é insignificante. Se se intitula Engenheiro e não é formalmente Engenheiro a mim tanto me faz.

Se nunca pôs os pés nas aulas de Inglês Técnico e passou com nota elevada depois de uma conversa com o reitor é grave, é grave num cidadão normal, é gravíssimo num Secretario de Estado.

Se passou nessa cadeira por ser Secretário de Estado e usou a sua influencia no governo para conseguir tal vantagem está metido num belo sarilho.

Indignado

Tribunal coloca criança a 300 quilómetros dos pais
22.03.2007, Jorge Talixa
O Publico

O Instituto de Apoio à Comunidade (IAC) do Forte da Casa manifestou, ontem, a sua "indignação" pela forma como foi aplicada uma decisão do Tribunal de Menores de Vila Franca de Xira, que levou à retirada de uma criança de 12 anos da guarda dos pais e à sua colocação em Ponte de Lima, a mais de 300 quilómetros de distância. O presidente do IAC, António Inácio, disse que a instituição que dirige e onde a menina frequenta o ATL há nove anos não foi sequer informada desta decisão, nem ouvida pelos órgãos próprios nos últimos três anos.António Inácio critica a forma como duas técnicas da Segurança Social, acompanhadas por três militares da GNR, foram buscar a criança na terça-feira, transportando-a para uma instituição de Ponte de Lima, onde foi temporariamente acolhida.A presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Vila Franca explicou que este caso foi sinalizado pela escola, em 2003, por alegados problemas de negligência e que a CPCJ, em articulação com o centro de saúde, tentou que a mãe beneficiasse de consultas de alcoologia. "Iniciou as consultas, mas sem resultados e houve recaídas", referiu Olga Fonseca, acrescentando que os pais chegaram a aceitar a colocação da criança numa instituição de Lisboa, que lhe permitiria passar os fins-de-semana com a família. Posteriormente, os pais recusaram essa possibilidade e a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Vila Franca de Xira, em Outubro de 2006, sem mais possibilidades de intervir, encaminhou o caso para o Tribunal de Menores e para a Segurança Social, que tomaram, agora, esta decisão. O Instituto de Apoio à Comunidade do Forte da Casa está indignado com a decisão do Tribunal de Vila Franca de Xira

quarta-feira, março 21, 2007

Revolução Portuguesa

Eu peço aos jovens que falem uns com os outros, estudem o problema e protestem.

Estão a fazer-vos a cama, a dar cabo do vosso futuro.

Tenho 45 anos, nasci no Estado Novo, cresci no Gonçalvismo e no PREC, tive o meu pai preso durante quase dois anos e nunca assisti a nada assim

Quando o Estado já tem o poder legal de retirar os filhos aos pais porque « não recebem os cuidados ou a afeição adequados à sua idade e situação pessoal.» não tarda muito, como diz o Corcunda, é necessário pedir uma licença ao Governador Civil para fazer um filho.

Isto é o totalitarismo, o pior dos regimes políticos, condenado unanimemente pela Igreja, pelos Liberais, pela Direita , por muita Esquerda e pela maior parte das forças políticas.

Através dos burocratas e dos políticos vai-se entranhando na sociedade . Não acredito que seja consciente, eles não sabem o que fazem, mas o resultado vai ser o mesmo .

Não se pense que pedir uma licença para ter um filho seja algo impossível, não se pense que possa ser proibido ter mais do que um.Não se pense que o aborto não possa ser obrigatório. Na China é essa a realidade. E não se pense que depois de estarem implantadas leis deste tipo seja fácil revogá-las . Não é, não vai ser. Depois de um comboio deste tamanho estar em andamento só através de muita violência e mortes é possível pará-lo.

Eles vão-vos mostrar os coitadinhos, fazer da excepção regra, explicar porque é que tem que ser feito, mostrar-vos imagens de bebes espancados e mortos por anormais. Não deixem que a casuística invada o direito

É preciso por isso matar a serpente enquanto ela está no chão, enquanto foge de nós entre as pedras é preciso matá-la à nascença, não deixa-la crescer, que ganhe força, poder.

Esmagar-lhe a cabeça já.

Os jovens estão convocados, façam prospectos, panfletos, mandem cartas para os jornais,

para o Presidente da Republica, falem uns com os outros, manifestem-se se não quando acordarem vai ser tarde demais.

terça-feira, março 20, 2007

Se eu me chamasse Andreia

«Se me chamasse Andreia Elisabete e visse que ia passar o resto da minha vida em Cernadelo, eu quereria voltar para os meus pais adoptivos.»
O Da Joana - http://o-da-joana.blogspot.com/index.html

É isto que as pessoas pensam. O horror à pobreza ultrapassa tudo, a família passou a ser um leilão, quem der mais fica com os filhos dos outros.
Sou eu provavelmente que estou mal, que vejo mal o problema. As crianças têm que crescer na abundancia, não lhes pode faltar nada. Fiscais zelam pelo seu bem estar, se têm mp3 e consolas, ténis e teeshirts, bicicletas e trotinetas.Se a casa de banho é limpa e a que horas, se as proteínas estão certas e as vitaminas conformes. Estudos e relatorios apoiam todo este esforço.

Para proteger as crianças foram feitas leis a nº 14/99 que diz entre outras coisas que considera-se que a criança ou o jovem está em perigo quando (entre outras mais graves) «não recebe os cuidados ou a afeição adequados à sua idade e situação pessoal.»

Temos assim que quando há alguém que decide que as crianças não recebem «os cuidados a afeição adequada» é aberto um processo e a partir dai a família é acompanhada (vigiada )por fiscais da segurança social ou das comissões de menores para «proporcionar-lhes as condições que permitam proteger e promover a sua segurança, saúde, formação, educação, bem-estar e desenvolvimento integral»

Podem depois decidir retirar a criança da família se a criança concordar , se a criança se opuser podem recorrer aos tribunais para obrigar os pais a entregar a criança .

Se isto não é totalitarismo soviético é totalitarismo democrático

Pare:Escute:Olhe"

Pare:Escute:Olhe um blog para descansar e seguir

Morais Sarmento

Morais Sarmento mostrou-se ontem muito preocupado com o avanço da diminuição da liberdade dos povos, o avanço dos burocratas e do totalitarismo estatal Regras e regulamentos sufocam a economia e os empresários.

Tem o meu total apoio

Educação

Herodes dava voltas na cama, virava-se para um lado, depois para o outro, o medo tomava conta dele. Dois dias antes os astrólogos tinham-no prevenido que iria nascer o Rei dos Judeus. Uma ameaça ao seu poder, se a noticia se espalhava pelo povo uma revolta podia alastrar. Tinha que neutralizar já a ameaça. Mandar matar todos os recém nascidos era uma ideia mas profundamente impopular.
-O que é que eu vou fazer? – perguntava a si mesmo.
As profecias diziam que o futuro rei nasceria na miséria, pobre entre os pobres e que se transformaria num rei, rei entre os reis.
Poderia mandar matar só os filhos dos pobres mas isso era um ataque ao espírito das leis, ao principio da igualdade. Os pobres poderiam entender isso como uma luta de classes.
-Como é que eu vou resolver isto? – pensava, enquanto dava mais uma volta na cama.
Olhou pela janela e a luz das estrelas parecia mais forte, levantou-se e observou melhor o céu estrelado da Palestina.
Não havia dúvidas ,uma estrela brilhava mais do que as outras.
-Um cometa - pensou – símbolo das desgraças futuras que já adivinhava
-O problema desta criança ia ser a educação, filho de brutos miseráveis iria crescer com a ideia de que era um predestinado. A educação era mesmo o grande problema do país. A culpa era dos pais, analfabetos e sem cultura- os pensamentos multiplicavam-se naquela cabecinha pensadora-era preciso criar uma Palestina forte, de gente culta e educada ora isso só era possível se se arrancasse os filhos dos pais e os colocassem em grandes escolas publicas, arejadas, com bons professores que viriam de Roma, esgotos e boa alimentação.Grande ideia!!! Podia começar já com este plano, começava com os mais miseráveis, visto que este rei viria dos miseráveis, arrancava-os das famílias e colocava-os numa escola com a minha supervisão. Se sobressaísse, seria castigado, se não, também não haveria perigo .Iria ser como eu, preocupado com o povo e não um revolucionário tonto.

E assim foi nesse dia saiu um decreto, o decreto que descansou Herodes. Em cada porta, em cada repartição publica, foi pregada a ordem. Soldados armados e com a cara coberta por capuzes negros entraram nas residências mais humildes, nas casas mais pobres e arrancaram os filhos das mães. O povo aplaudiu pois tudo era feito em nome do bem estar das crianças. Os pais biológicos não tinham recursos, as casas não tinham condições – seriam entregues a famílias de acolhimento,. famílias ricas, ou distribuídas pelos colégios do estado.

Em Belém numa gruta miserável com um boi e um burro a servir de aquecimento central tinha nascido uma criança. O pai e a mãe avisados por voz amiga fugiram . Iam a caminho do Egipto montados num burro.

Tribunal retirou filhos

Os pais de Andreia Elizabete, Isaura Pinto e Albino Pinto, têm mais seis filhos, com idades entre os 17 e os 4 anos. A rapariga mais velha vive com a avó, três vivem com o casal numa modesta casa de Cernadelo, Lousada, e duas meninas, de 9 e 10 anos, estão à guarda de uma família de acolhimento por ordem do tribunal de Lousada

segunda-feira, março 19, 2007

Novo nome

Depois de mudar de nome ao Algarve o Ministro da Economia vai mudar o nome de Lisboa
Vai passar a chamar-se Lisgood

Totalitarismo

Os acusadores do tribunal de Nuremberga compreenderam o espírito das leis. O direito não existe independentemente das pessoas que nele acreditam. Durante uma missa católica romana os fieis assistem e participam num milagre. Um grupo de ateus poderia reunir-se e imitar os procedimentos, mas a actividade já não teria significado , mesmo que as palavras e a cerimnia fossem duplicados ate ao mais infimo pormenor . Os nazis eram ateus jurídicos: não acreditavam no direito. Reproduziram o formalismo externo mas esvaziaram de significado o ritual das leis» pg 6

Tal como lá, cá o Direito tem pouca importancia . Os nossos politicos são «ateus jurídicos». O preço e o não funcionamento da justiça permite fazer leis contra o direito.

«Os nazis defenderam que a lei é neutra , uma ferramenta que pode ser utilizada para qualquer fim.Os acusadores de Nuremberga contrapuzeram que o direito não pode existir isolado da sua protecção dos individuos contra os agentes publicos e privados que agem com crueldade. Os réus acusados de crimes contra a humanidade apresentaram com frieza decretos e autorizações em triplicado e ficaram genuinamente chocados quando os acusadores se recusaram a aceitar todos esses documentos»pg6/7

Tal como lá, cá o direito é usado como uma ferramenta para atingir objectivos politicos e economicos. Tanto faz o que a lei em vigor diz, faz-se uma nova que anula direitos e obrigações

«Justiça Nazi» de Richard Lawrence Miller ( Editorial Noticias 1997)

Condição

A chegada de Andreia Elisabete a Cernadelo veio transformar por completo o dia-a-dia da família Pinto. Aliás, foi na condição de que nada seria como antes que as técnicas da Comissão de Protecção de Menores aceitaram entregar a criança aos pais biológicos.

Diario de Noticias

Porque eu não a quero perder

Em Cernadelo, muito cedo se começaram a concentrar os amigos da família e fez-se a festa prometida. Isaura Pinto explicou que ia à festa organizada pelos vizinhos, mas que a menina ficaria sossegada em casa, conforme lhe pediram as assistentes sociais. Entre as várias razões invocadas pelas técnicas está o facto de a criança não ter ainda todas as vacinas necessárias. «A gente tem que obedecer porque eu não a quero perder», justificou-se a mãe da bebéNoticia TVI

domingo, março 18, 2007

Abram os olhos

O episódio do peixe é «peanuts» na tragédia que se está a montar neste palco que é Portugal, podemos, se quisermos, ser contra-poder, impedir o avanço do totalitarismo, através da palavra e da análise dos acontecimentos.

Volto a pedir que enviem mails para o Banco Alimentar Contra a Fome ba.federacao@bancoalimentar.pt para dar força a quem percebe e está em condições de mediatizar o problema.

Hoje mais uma notícia do horror que isto se está a transformar.

A menina raptada há um ano foi entregue aos pais mas… - tem um mas, é verdade- os pais foram obrigados a sair de casa e irem viver para casa de uma vizinha para poderem ficar com o bebe. Uma vistoria à casa dos pais por parte da Segurança Social concluiu que a casa estava a precisar de obras e só podem morar na sua casa se as fizerem. O precedente aberto é terrível, a Segurança Social pode fazer vistorias em casa de cada um de nós e concluir que a «casa não tem condições», obrigar-nos a mudar para casa de uma vizinha ou tiram-nos os filhos.

A ficção científica mais aterradora está cá, e veio para ficar.

Já vivemos no Admirável Mundo Novo

sexta-feira, março 16, 2007

Revolução Portuguesa

«Há que arrostar, neste caso, com o imobilismo preguiçoso dos políticos que se limitam a ter como teoria do Direito e do Estado, formas da sua organização e da sua actuação; e não vão ao fundo do problema, à contestação do próprio Estado como único poder, como único dispensador de todos os bens morais e materiais, como única fonte do direito e de legitimidade, como único representante de soberania. Uma teoria pluralista — dizia um dos maiores pensadores políticos do nosso tempo — ou é a teoria de um Estado a realizar a sua unidade pela federação dos grupos sociais ou não é senão uma teoria da desintegração ou da refutação do Estado. Limitada à simples liberdade pluralista de expressão é uma contradição em termos, um não ser em si, uma praxe semeada de contradições, a ruína a curto prazo, o golpe de estado previsível — a ineficiência do dogmatismo tenente do poder.»

MMM

Se eu fosse alguem , se fosse um homem de cultura, com diplomas, palavras difíceis, autores na ponta da língua, saberes desaparecidos, teses defendidas, se fosse par entre os pares, universitário prestigiado, Doutor, Professor tinha, provavelmente, o talento para vos explicar este parágrafo, assim só posso explicar com o que me vai na alma

Defende-se aqui, de forma genial, um caminho para a situação política actual. Uma acção politica conservadora nos métodos e revolucionária nos objectivos: a verdadeira Revolução Portuguesa.

Quando Manuel Azinhal defende que é preciso «dar voz aos grupos sociais ameaçados» está a reconhecer que é necessário devolver o poder aos grupos.

Todos os partidos sabem e sentem o poder dos grupos sociais. Antes das eleições seguem-nos, fazem suas as propostas deles, eleitos, imediatamente os esquecem. Quando Paulo Portas diz, (agora!!!) que é preciso escutar a sociedade, está a querer aproveitar-se oportunistamente das causas dos povos. Sabemos que, assim que for eleito, os esquece, por razões de estado, descobre novas realidades e tudo o que prometeu é engavetado. Ou já nos esquecemos do Paulinho das feiras? Ou do Manuelinho dos pescadores?

E porquê? Porque pode, tem o poder e os grupos que o tinham assim que votam perdem-no.

E é aqui, neste ponto, que está a hipocrisia do sistema. Os deputados dizem-se, hipocritamente, representantes da Nação, quando todos sabemos que são única e objectivamente representantes dos Congressos Partidários.

È por isso, preciso querer mais. É necessárioo restaurar a Casa dos 24, dar poder aos grupos, às organizações, à família, às Misericórdias, às empresas, é necessário que cada grupo tenha realmente poder politico, que cada deputado represente realmente cada grupo e não como agora que nos representam a todos sem representar ninguém.

quarta-feira, março 14, 2007

Parabéns

Parabéns F Santos pelo Horizonte . Que conte muitos é o que desejo

Organizar a resistência

segunda-feira, março 12, 2007

A industria da cultura

Com um abraço para o Miguel Castelo Branco:

-É preciso industrializar o livro!-proclamava há dias António Quadros no lançamento da «Biblioteca Básica Verbo».Porque, deduzo eu, sem industrializar massivamente o livro não é possível embaratecê-lo, fazê-lo chegar às massas semi-iletradas promovendo-as culturalmente, para as poder apoveitar no esforço de desenvolvimento económico em que estamos empenhados.
É preciso , portanto, industrializar a cultura, planeando-a metódicamente, coordenando-a coerentemente para que trabalho de culturação dos povos seja eficiente e aproveitado.É preciso, portanto, como também quer António Quadros - criar o Ministério da Cultura que defina em amplas bases a escala das nossas prioridades culturais, situando-as no contexto planeado de Portugal, de maneira a que a cultura não seja o apanágio de um grupo, de uma casta ou de uma classe social, e se democratize, e salte à rua, pule nas praças, e se derrame imensa pelos quatros cantos do território. O velho Malraux ensinou-nos o caminho - tendo-o aprendido ele ao lado dos milicinos negros, enquanto se entretinha a bombardear as igrejas da Espanha que tanto amava.
Como é que se industrializa o livro? Talqualmente o fizeram o lançamento publicitário espectacular , cem mil exemplares no sescapartes, uma distribuiçao impecável, umas dezenas de título fortes. Fabricado em massa, adquiridos em massa o Camilo pode ser vendido ao preço da chuva, o Eça da mesma maneira, e assim o Nemésio, e o Paço d'Arcos, e o Branquinho da Fonseca e o pobre do Fernando Namora. Os prelos não param. Ganham os editores, ganham os livreiros, ganham os operários, ganham os escritores que podem profisionalizar-se - e ganha o púlico que passará a poder ler, ficando sem justificação para o não fazer.À obra extraordinária de alfabetizaçao do dr Veiga de Macedo, à vinte anos, à obra maravilhosa da Fundação Gulbenkian que Branquinho da Fonseca teimosamente iniciou em Cascais, junta-se agora a vontade (e o poder) da «Verbo» e da Telesvisão. Ràpidamente e em força vamos ganhar mais esta batalha.
Como é que se industrializa a cultura, porém?Como é que se vão vender mais quadros, e mais esculturas,e mais bilhetes para o teatro e para o cinema, e mais ópera, e mais bailado, e concertos sinfónicos, e religião, e política, e tradição oral, e maneira de ser, e de viver, e de sentir?Como é que se vai distribuir impecàvelmente tudo isto, sem pararem os pincéis e os cinzéis, os músicos, os cantores e os bailarinos, os cineastas e os Igrejas Caeiros, os padres e os políticos, a história e a língua?
Criando um Ministério da Cultura que oriente, fomente, coordene, financie, superintenda, legisle a cultura portuguesa como o Malraux fez em França, como o Goebbels fez a Alemanha, como o Lunatcharski fez na Rússia.E haveremos de ter, depois, o nosso Jean- Louis-Barrault e as nossas Casas da Cultura. O nosso horrendo Speer e a nossa belíssima Riefenstahl. O nosso admirável Eisentein e o nosso entusiástico Maiakoviski.Lançaremos o cimento armado para o Céu O nosso Deus é progresso/O nosso coração é o tambor.
Tudo isto- e papel selado. Tudo isto - e o inevitável totalitarismo da burocacia. Tudo isto - e o Brave New World.Todos os meios didáticos de culturação massiva ao dispor do Ministério da Cultura. Todos os meios pedagógicos de instrução ao dispor do Ministério da Educação Nacional. O B-A=bá para um lado ; os museus, os teatros e os cinemas para outro.Uma ideia a presidir (a ideia de Nação como quereria com certeza o Goulart Nogueira), um fim a conseguir (a ditadura do proletariado, como o desejaria certamente, o dr Óscar Lopes), um caminho a seguir (o da originalidade da cultura, como o sonha Antóno Quadros).
Tudo certo. Tudo medido. Tudo revisto. Tudo calendado. Não há lugar para mais um, que a cultura é uma.
A democracia é verdadeira tentação. Mesmo quando descentralizada é para centralizar melhor, criando orgãos centrais de planeamento. Assim na política económia, assim na política cultural. O franco-atirador, o génio, o poeta, já não têm cabimento na sociedade socializante que nos suga.Mesmo os melhores, os mais livres, cultos e inteligentes (como António Quadros, por exemplo) se deixam seduzir. É o fascínio da eficiência. A miragem tecnocrática. O sonho de levarmos aos outros o que sabemos bom para nós:-o grande poema do Fernando Pessoa, o lindíssimo fresco do Almada Negreiros, a música de Joly Braga Santos.
E empastelamos tudo. Não podemos consentir o Mal, nem tolerar o Feio, nem aceitar o Pequeno. Precisamos de nos disciplinar, e ordenar, e desfilar.Trazer os ovos à nossa cultura e ao nosso saber, às nossas poltronas e ao nosso frigorífico . À nossa Suécia aséptica e sem inibições.
É uma revolução estrutural.Não é apenas já, honradamente, querer levar o Camilo até Carrazedade Anciães, terra do meu avô, perdida no planalto. É querer obrigar os povos a deixarem de ser o que são para serem o que nós somos, tão bons, tão inteligentes - e tão sabidos .É conseguir, pela facilitação dos meios culturais a unidade cultural da Nação Portuguesa -um gigantesco programa único para o gigantismo do nosso gigantesco espaço cultural.
Se não nos lançarmos na ponta da unha no arrojado empreendimento, perderemos o comboio do progresso - como diria o dr Francisquinho Balsemão- e nunca mais nos achegaremos aos franceses, e aos alemães, e aos ingleses, e aos ingleses, e aos suecos, e aos dinamarqueses.Permaneceremos durante séculos macambúziose lôrpas, estúpidamente agarrados às glórias de quinhentos, ao Vasco da Gama e ao Infante D Henrique - incapazes, como se lamenta Manuel Gama, de pôr as nossas estrelas no Céu.
Ah!Como nós precisamos de lutar para sermos tão bons como os outros.O que nós precisamos de fazer para os transformarmos de raiz - estradas e pontes, escolas e bibliotecas, museus e galerias, planeamento económico e planeamento cultural , protecção a indutria quimicae rotecção à industria da cultura. Seremos capazes?

Manuel Maria Múrias
Publicado na «Política»

Revolta popular

Os pescadores no Algarve estão revoltados com as leis imbecis feitas em Bruxelas por senhores que, depois de andarem anos a estudar bóias e a sua alta perigosidade, resolveram passar para o papel as suas inteligentíssimas conclusões , chamadas «directrizes« transformadas imediatamente em direito nacional.

O comandante do porto, marinheiro da Marinha Portuguesa, contratado pelo Povo para o proteger, diz que o direito é universal e tem que ser cumprido. Mesmo errado tem que ser cumprido, mesmo imbecil tem que ser cumprido, mesmo pensado e criado em Bruxelas por luxemburgueses, búlgaros ou estónios.

O Sr Comandante como bom militar obedece a ordens, não as questiona, nem lhe interessa quem as dá., quem as fez ou a sua utilidade O direito é universal o Sr Comandante é o chefe da esquadra.

O Sr Comandante ao andar a multar pescadores por usarem as bóias imaginadas, pensadas e utilizadas pelos pescadores desde sempre, está a educa-los, a ensiná-.los a ser bons europeus, carneiros obedientes, charolesas de curral.

Os pescadores no Algarve andam revoltados por andarem a ser multados por trabalhar.
.
Brevemente teremos os da Ericeira, de Peniche e da Póvoa.

Andam os pescadores revoltados, andam os comerciantes revoltados, andam os donos dos restaurantes revoltados, andam os ciganos revoltados, andam os feirantes revoltados, anda a população revoltada contra o fecho de maternidades e hospitais, anda a arraia miúda cada vez mais revoltada.

Se aparece alguém que una esta gente bem podem começar a dar corda às alpercatas.

A estupidez

Estar preso causa um grande sofrimento. Estar preso injustamente devia causar para além do sofrimento, uma grande revolta, um ódio aos responsáveis, uma vontade de se vingar…

No caso do meu pai não causou. A sua revolta era com o que fizeram de Portugal, a amputação à Nação Portuguesa de territórios e povos. As centenas de milhares de mortos, as vidas destruídas, as propriedades roubadas A sua impotência para impedir tais crimes enfurecia-o mas nunca ouvi uma palavra de ódio contra os responsáveis.

O que o irritava e entristecia nos responsáveis era a sua total irresponsabilidade, a leviandade com que se fizeram as maiores infâmias, a falta de conhecimento da realidade, o desconhecimento cultural e histórico, o analfabetismo crónico das nossas elites políticas.

Repetia muitas vezes esta frase com um ar pesaroso:

- Eles não são maus, são é muito estúpidos.

sábado, março 10, 2007

Jose Feliciano - Malaguena

Ray Charles - I Can't Stop Loving You

Stevie Wonder - You are the sunshine of my life

sexta-feira, março 09, 2007

A Revolução necessária

Ou vamos ter a coragem de apresentar ao país a revolução que o país espera e precisa?

Antes do mais, antes de o fazermos (e se formos capazes de o fazer…) teremos que reformular, de raiz, a maioria dos nossos conceitos de política estratificados no Estado Providência desde há quase duzentos anos. Teremos que ser pluralistas não apenas para a conquista do poder, mas também na sua usança. Aceitaremos que se não há Estado sem política — há política sem Estado e que este, como fenómeno, aparece na história do mundo há relativamente pouco tempo, é um estado, uma situação, um momento de política e não (como se diz) um facto social inamovível no tempo, única organização política da Nação, passível e viável. Havemos de ser autenticamente revolucionários. Não recear a criação de estados dentro do Estado, dos contrapoderes naturais e necessários à diminuição e delimitação do poder central.

Há que arrostar, neste caso, com o imobilismo preguiçoso dos políticos que se limitam a ter como teoria do Direito e do Estado, formas da sua organização e da sua actuação; e não vão ao fundo do problema, à contestação do próprio Estado como único poder, como único dispensador de todos os bens morais e materiais, como única fonte do direito e de legitimidade, como único representante de soberania. Uma teoria pluralista — dizia um dos maiores pensadores políticos do nosso tempo — ou é a teoria de um Estado a realizar a sua unidade pela federação dos grupos sociais ou não é senão uma teoria da desintegração ou da refutação do Estado. Limitada à simples liberdade pluralista de expressão é uma contradição em termos, um não ser em si, uma praxe semeada de contradições, a ruína a curto prazo, o golpe de estado previsível — a ineficiência do dogmatismo tenente do poder.

Não é isso evidentemente, o que pretende o país — nem o que desejam os povos. O que, a partir de 1820, liquidou os vários regimes democráticos nossos senhores, foi a própria ambiguidade. Mais ou menos todos, todos partindo do revolucionarismo abstracto de Mouzinho da Silveira, se têm limitado a agir dentro do Estado, dum único tipo de poder. Precisamos de ir mais além, ultrapassando as formas ideológicas de organização e actuação do Estado, que são só formas — para atacarmos a própria substância da crise que limita e intranquiliza toda a contemporaneidade política. Em termos rigorosos e concretos: precisamos de ser revolucionários, recusando toda a praxe que, conservadoramente, queira apenas conservar o Estado — Estado comunista, ou social-democrata, ou fascista, ou corporativo, ou plutocrático, de intervenção no que é privado, e familístico, e personalista e pela própria natureza pluralista.

Porque não foram capazes de transcender o Estado, os primeiros teorizadores do pluralismo, Harold Laski e G. D. H. Cole, acabaram revirados para o marxismo. Sentiram, em substância, que o Estado, fascista, social-democrático ou corporativo não se alterava na essência por ter este ou aquele qualificativo formal; e que, não se alterando seria levado até às suas últimas consequências lógicas no absurdo comunista. O mesmo se irá passar com os que não estiveram aptos a ultrapassar a dicotomia esquerda-direita, comunismo-capitalismo, meros invólucros de um estado que é sempre o mesmo.

Destruído o Portugal antigo, tábua rasa de tudo o que nos sustentou durante mais de quinhentos anos — vamos recomeçar de novo as formas sediças que vimos a usar desde há muito mais de três séculos. Não seremos capazes, por uma vez, de fazer uma revolução portuguesa, analisando a nossa especificidade e encontrando nela os fundamentos da nossa vida?

Este é o desafio supremo que a tragédia nacional nos lança. Seremos homens para pegar na luva? Se não formos — pereceremos.

Manuel Maria Múrias

Peniche

Hoje à noite, depois de ouvir Mário Crespo em amena cavaqueira com o Rosas propor que o Forte de Peniche fosse transformado num museu sobre Salazar lembrei-me da ultima visita que lá fiz.

Entrei no forte e logo me apareceu um anti-fascista com boina basca a oferecer-se como cicerone. Aceitei, prevendo o final…

O forte é pequeno e as celas são três ou quatro. O anti-fascista descrevia-me pormenorizadamente os moveis de cada cela (espartanas mas já estive em hotéis piores) querendo-me convencer do horror que aquilo era Chegámos finalmente à sala de visitas com um vidro que separava as visitas dos preços.

-Desta parte lembro-me eu !- exclamei
-O Sr teve cá alguém preso? pergunta-me o comunista excitado
-Tive… o meu pai.
-Ah e quando é que ele cá esteve?
Fiz uma pausa..... e respondi-lhe:
-Depois do 28 de Setembro de 1974.Foi preso pelos senhores por ter escrito um artigo. Esteve 14 meses preso sem ser julgado. Conhece algum antifascista que tenha estado preso 1 ano e 2 meses sem julgamento?

Foi-se embora a olhar para o chão e nunca me respondeu. Porque será?

Cozidos vivos


Ontem numa fita passada na televisão um dos personagens dizia para o outro:

- Se enfiares uma rã numa panela de água a ferver ela salta, foge e não morre.
Se a enfiares numa panela com água fria e a colocares ao lume ela deixa-se cozer viva.

Nós estamos a deixar que nos cozam, como prova o artigo do postal seguinte:

Big Brother is coming

O «The Spectador» publica este artigo na edição de 3 de Março :

«Two weeks ago, Tony Blair told the road-toll petitioners by email that his government was not trying to impose ‘Big Brother surveillance’. That was accurate, if disingenuous. The real Big Brother doesn’t announce himself. He comes creeping up on you, by stages, until you realise that you are being snooped on, scrutinised and spied upon in all sorts of ways that would have seemed unthinkable only a few years ago.

Take the powers of the taxman. Her Majesty’s Revenue and Customs (HMRC) — the new authority established by the merger of HM Customs and Excise and the Inland Revenue in 2005 — is becoming astonishingly intrusive in its investigation of so-called ‘dual purpose’ expenses to discourage taxpayers from claiming for items that could, conceivably, be put to private use (that is, almost everything).

Easy enough to prove with documentation that the petrol you claim was necessary for a work-related journey. But what about, say, clothing? Claims in this category can enable inspectors to ask the most intimate questions about your personal life. They are entitled by law ask whether that sexy, sparkly, Kylie-style stage costume is also worn for ‘private use’. You think I’m joking? Not a bit of it. This very question was asked by the HMRC of an exotic dancer, who told me the story when I was investigating the business wars between lap-dancing clubs for a Channel 4 programme.

What we see here is not a conscious conspiracy, but — much worse — a slippery trend towards the assumption that surveillance and snooping are the norm and socially acceptable. Consider these examples and the tapestry they add up to:

• In January, the Press Complaints Commission published a ruling that reveals how Trading Standards use children to snoop on shops suspected of breaching local trading rules. A 15-year-old boy, for example, was deployed by Cornwall County Council officers last year to test out whether regulations were being adhered to in a Truro shop after it sold him alcohol underage. The shopkeeper claimed ‘entrapment’, arguing that Trading Standards officers ‘deceived’ his staff into selling alcohol to a 15-year-old because the boy looked older.

• Some town halls employ ‘professional witnesses’ to film residents secretly outside their own homes to provide court evidence. Other councils, such as Camden, marshal an entire street-army of snoops with powers to investigate, including street wardens, housing officers, a Street Services Team and Police Community Support Officers (PSOs). They all have access to at least 19 covert council cameras.

• Council tax inspectors are entitled to photograph the outside and inside of your home to assess its tax-band value. A spokesman for the Department of Communities and Local Government reveals that photographs of about 660,000 homes have already been collected.

• Council street wardens in Gloucester now patrol with video cameras strapped to their heads. Anyone caught dropping litter will be fined £75, and risks having a still image of himself posted on the council’s website. Members of the public are asked to call the council hotline if they can identify somebody ‘suspected’ of littering.

• Refuse men now routinely look through people’s recycling bins as they collect them, to check what kind of material is inside. Some householders get letters if they’re not recycling properly as a way to ‘educate’ them. ‘Green surveillance’ is a huge growth area in town halls, many of which are set to introduce bins with chips, monitoring and recording your levels of non-recyclable waste. A Downing Street e-petition has been launched to oppose the proposal. The original petitioner warns that ‘smart bins’ can identify the house they belong to but householders ‘will have no way of stopping the dishonest from dumping in other people’s bins’.

Now, the probing eyes of the snoop are seeking even greater access to what we do and how we live: tax inspectors are demanding powers to enter our lives as never before. They propose dramatically to extend the application of methods previously limited to the investigation by customs officers of serious crime. Under the blueprint, all HMRC inspectors working on serious criminal cases of all kinds would be able to bug telephones and use listening devices, needing only the rubber stamp of the Home Office and the Office of Surveillance Commissioners (which oversees covert surveillance, snooping and ‘covert human intelligence sources’).

Fair enough, you might say. But if you think it’s only true villains who will be subject to the new intrusiveness, think again: already under tax assessment rules a proportion of randomly chosen citizens (which could be you or me) have their returns checked as part of an official ‘compliance’ inquiry. Now tax inspectors want even greater powers to carry out such inquiries.

First, there is the new proposal that tax inspectors should be able to look at your ‘in-year records’. To translate: at the moment, taxpayers present their records from the previous tax year (tax records from 6 April 2005 to 5 April 2006 for self-employed people needed to be sent this January, for example). This means you have time to gather all your records, check for and correct mistakes and present your returns. You can do this in private, with or without an accountant, free from external pressures from the taxman.

All this could soon change dramatically, I can reveal. In ‘Annex B: New Interventions to Ensure Compliance’ in a March 2006 consultation document called Modernising Powers, Deterrents and Safeguards (the consultation is now closed, by the way), the HMRC presents a summary of its ideas to ensure ‘compliance’. On page 43 of the document, the HMRC laments the fact that ‘there is no power to inspect current books and records’ and that the system is ‘much less flexible’.

Here’s the rub: the plan is that inspectors call ‘at any time’ during the business’s ‘live’ accounting period, with only notional notice given of imminent arrival. This would initially apply to sole traders, small businesses and small partnerships (although the figure also includes large partnerships). It is suggested, in the familiar euphemism of the unwelcome bureaucrat, that inspectors could ‘advise’ people on how to improve their ‘procedures’ and ‘correct any errors identified’.

Imagine the impact on a workplace upon which inspectors descended in this fashion: frantic preparations, the disruption of work and the pollution of the office atmosphere, the sudden presence of suspicious officialdom. Imagine taxmen breathing down your neck as you anxiously forage for documentation, desperate to be seen to be complying for fear of something worse. Every sound employee would be reduced to a bumbling David Brent.

This is the true cost, professional and psychological, of arbitrary surveillance: how are employees expected to work effectively and maintain confident relations with their clients if state officials are, quite literally, looking over them? And if you work from home, this means inspectors could turn up there and snoop about. How would that go down with your family?

Today, small businesses; tomorrow, perhaps, every business in the country. How far will this go? An HMRC spokesman told me, ‘Nothing is ruled in and nothing is ruled out.’ The so-called consultation regarding these proposals has scarcely been on a scale fitting their importance (a mere 58 responses, 21 of them related to personal tax matters or issues unrelated to the proposals!). A wider debate is surely called for before this battalion of inspectors, armed with new powers, threatens to sweep into the offices of the land.

Perhaps the most intriguing dimension to this tale of mission creep is the lack of resistance the snoops have thus far encountered. Quite the opposite, in fact. In 2005 rightmove.co.uk, Britain’s leading property website, agreed a deal to supply some of their published data to the Valuation Office Agency (VOA). The VOA compiles and maintains the business and council tax valuation lists for England and Wales and passes on information to the taxman at HMRC. ‘Rightmove’s goal is to connect home movers with properties and provide the industry with practical and cost-effective tools,’ says Miles Shipside, Rightmove’s commercial director.

In this case, ‘practical and cost-effective tools’ means providing computer-friendly information each month. Selling on this version of the data cuts out the time a council would have to spend in putting website information on to a massive computer database that can be cross-checked with other databases such as council tax records. In other words, councils can now instantly identify who is selling what property in an instant ...with the help of a private property company.

What’s disturbing is the enthusiastic readiness of private companies like Rightmove to hand over data, in a computer-friendly form, to the state authorities. Not all estate agents support the idea of selling on client’s information. Karl Daly, a spokesman from Foxtons, told me, ‘Foxtons ensures that precise address details are not posted on our website or disclosed to any aggregators. We would be very disappointed if such information has been sold without our knowledge.’

Disappointed or not, it is clear where the trend is heading. There is now a cultural presumption in favour of surveillance and against privacy. We are sleepwalking towards a Big Brother society, not in one fell swoop but by stages. There is no boot stamping on a face: just an ever more insistent foot in the door.

Private sector and state authorities share information as they see fit, and new snooping powers are quietly introduced without so much as a peep. And if you do start asking questions, don’t be surprised if you feel a pair of eyes on your back. As I was researching this article, one of the HMRC press officers I called each day kept referring to different pieces I have written in the past. Well, I suppose that’s what snoops are paid to do. Just because you’re paranoid, it doesn’t mean they’re not out to get you.»

Tessa Mayes

quinta-feira, março 08, 2007

Branqueamento

A RTP fez ontem 50 anos.O meu pai foi director do Telejornal desde 61 a 68: 7 anos.
7 anos são 14% de 50.

Nem uma palavrinha. Chama-se a isto branqueamento da História

Memórias

Não sei como é que a minha mãe soube mas o meu pai estava em greve de fome, recusava-se a comer, queria ser julgado. Chamou-me à parte e explicou-me a situação:
-O teu pai está em greve de fome há vários dias temos que o convencer a comer.
Foi para a cozinha e pôs-se a fazer cozinhados apetitosos, tão bons que era preciso estar louco para não os comer.

Mas realmente o meu pai não estava bom, as saudades da família, a falta de liberdade , o desespero levou-o a usar o único poder que tinha para pressionar os nossos revolucionários, não comer, rapar fome.

Dizia ele que só custam os dois primeiros dias, a partir daí, como o cavalo do inglês,habituamo-nos. Um bem estar apodera-se do corpo, uma sensação de ter o destino nas mãos , uma paz de espírito leva-nos a sair da realidade.

Esteve treze dias a beber água sem ingerir qualquer tipo de alimento, ao 13º começou a achar que esta era uma boa maneira de sair da prisão, na horizontal. Percebeu o erro comeu um “duchesse” um bolo cheio de “chantilly” e foi parar ao hospital com uma rotura de vesícula . Dizem os médicos que não morreu por acaso.

Quando se está muito tempo sem comer não e pode comer de repente , tem que ser aos poucos.
Fica aqui o aviso para os muitos portugueses que passam fome. Quando vierem dias melhores comecem com um caldinho, uma canja é boa ideia. “Duchesses » nunca…

quarta-feira, março 07, 2007

Memórias

Estamos em 1975 e a noite é quente, ouvem-se os grilos e as acelerações das motas que passam ao longe na Marginal a grande velocidade. Não consigo dormir com o calor e parece que pressinto qualquer coisa. Os meus irmão dormem, a minha mãe também. Tenho treze anos e o meu pai está preso acusado de pertencer a uma associação de malfeitores, preso há largos meses sem julgamento e sem «culpa formada», frase que eu oiço muitas vezes sem saber muito bem o que quer dizer. Uma tia nossa, que tinha fugido para o Brasil, ofereceu-nos o frigorifico nessa tarde e o nosso frigorifico foi oferecido à nossa mulher a dias, a Maria Helena que nunca tinha tido um. Uma carrinha que entrou e outra carrinha que saiu, tráfego anormal para uma casa de família .
A noite passa abrasadora, duas da manhã e oiço o barulho dos motores de camionetas, vou à janela da casa de banho e vejo duas ou três Berlliets cheias de soldados; entram no nosso jardim. Corro a acordar a minha mãe (todo satisfeito com a aventura previsível)
-Mãe, mãe vêm aí soldados. Se calhar é o Copcon…
Ouve-se a campainha: Triiiiimmm trimmmm
A minha mãe veste o roupão e vamos abrir a porta.
-Boa noite minha senhora, viemos fazer uma busca , recebemos uma denuncia que foram transportadas armas desta residência- diz um militar mal fardado, barba por fazer mas educado.
-Disparate…exclama a minha mãe
Deixa-os entrar e dirigem-se para a sala forrada de livros.
-Ummm o Salazar, fascistaaas!!- admira-se um militar com cara de burro enquanto pega nos Discursos do botas
-É pá, mas tá aqui o Lenine, agora é que já não percebo nada…- grita outro de outra ponta com outro livro na mão
As minhas irmãs dormem no quarto delas,
-Aí é quarto das minhas irmãs e elas estão a dormir - digo eu com os meus ameaçadores treze anos
Um abre a porta, vê-as a dormir mas não entra . Dirigem-se para o meu quarto, revistam-no e encontram uma espingarda de caça submarina sem elástico.
-Temos que a apreender…
-É pá deixa lá isso ao puto…

Foram –se embora conforme chegaram, sempre tive azar com os frigoríficos.

Rendas

libertas said...
Caro F Múrias,

1. A lei das rendas, de um ministério Arnault/PSD, visava uma + justa remuneração do capital de aforradores, que em tempos tiveram a infeliz ideia de arrendar o seu património.

2. A lei não se aplicaria a maiores de 65 anos nem a pobres.

3. Se isto é revolucionário, eu sou revolucionário.

4. O F Múrias deveria saber que sem confiança dos agentes económicos no investimento temos miséria e socialismo.
Caro libertas

1-O que a lei das rendas visava ninguém sabe muito bem o quê, sabemos é que o Arnaut é advogado especializado em imobiliário tendo como clientes especialistas do imobiliário.

2-A lei aplicava-se a toda a gente. Os 65 anos, se não me engano, foram deixados cair dias antes da sua aprovação. O rendimento não era o rendimento mas sim o rendimento corrigido em que cada divisão contava como rendimento. Quanto à parte comercial desapareciam os estabelecimentos e o seu valor que passavam para o senhorio. Trespasse em inglês e «good-will», esse valor pertence as empresas, o valor do trespasse e um imobilizado incorpóreo que faz parte dos balanços das empresas. Esse valor passava directamente do balanço do arrendatário para o balanço do senhorio. Pode dizer-se que o valor dos trepasses estavam muito altos devido as rendas baixas. Verdade. Mas as rendas eram baixas por causa da lei existente, lei essa feita pelo pai do sr Paulo Portas em Setembro de 1974 que espoliou os senhorios . A aplicação da lei no tempo é um dos princípios básicos do direito. As leis não podem ter efeitos retroactivos e penalizar quem confiou na lei antiga. A função do direito é «estabilizar as expectativas das pessoas que nele confiam e nele assentam os seus planos de vida», não se pode alterar uma lei esquecendo essa função.

3-Alem disso uma renda é um juro do capital investido. O capital é o imóvel. As rendas comerciais desvalorizam-se, em relação ao mercado de arrendamento sempre.

Isto faz parte de uma carta (corrigida) que escrevi ao Presidente da Republica a explicar este assunto:


Porque é que uma renda de uma casa comercial fica desvalorizada com o tempo e é criado um valor de trespasse?

A razão é simples: é a diferença entre o valor da inflação e o valor do crescimento económico

Vamos supor que eu negociava hoje um contrato de arrendamento para os próximos 20 anos em determinada local por uma renda de 1000 contos.

Portanto nos próximos 20 anos a renda seria actualizada tendo em conta o valor da inflação: se a inflação media fosse de 3% ao ano daqui a 20 anos a renda seria 1860 contos mês.

Nas contas que eu faria para chegar a acordo com o senhorio teria em conta que a renda seria 10% das minhas vendas(por exemplo) e montava a estrutura de custos tendo em conta essa percentagem. A renda estaria a preços de mercado hoje mas estaria a preços de mercado dentro de 20 anos?

O senhorio também faria contas e vamos supor que o imóvel lhe tinha custado 120 000 contos e ele queria retirar 10% de juro ao ano.


O senhorio também faria contas e vamos supor que o imóvel lhe tinha custado 120 000 contos e ele queria retirar 10% de juro ao ano. Tinhamos portanto chegado a acordo. Os interesses do senhorio coincidiam com os meus.

Vamos dizer que a economia crescia uma media de 5% nos próximos 20 anos e vamos dizer que eu conseguia crescer acima dessa media.

Conseguia crescer 10 % ao ano, conseguia porque a economia crescia, porque estava posicionado num sector que cresceria acima da media e eu conseguiria crescer acima da media do sector Isto queria dizer que as minhas vendas este ano seriam de 120 000 contos e dentro de dez anos seriam 733 000 contos e renda 1860 o que representaria apenas 0.2% .

Um negocio cuja renda representasse apenas 0.2% do total das vendas seria obviamente um negocio cuja renda era baixa E o negocio teria um valor de trespasse tendo em conta o negocio em si mas também a renda baixa..

Se a economia cresce 5% quer dizer que em média os negócios cresceram 5% ao ano, sem contar com a inflação, se a inflação for 3% quer dizer que o crescimento do valor da renda acompanha apenas o valor da inflação e portanto a renda desvaloriza-se tendo em conta o local e a realidade económica 5% ao ano.

Mas o investimento do senhorio não se desvaloriza. Apenas ele preferiu não arriscar, não trabalhar e receber o rendimento do seu investimento

Mas o senhorio não perdeu dinheiro nenhum . Ganhou tendo em conta o investimento inicial. A economia cresceu não porque o senhorio tivesse feito alguma coisa para isso mas porque as empresas criaram valor, criaram postos de trabalho e fizeram a economia crescer. A contribuição do senhorio foi apenas alugar a loja, ele não fez mais nada para o crescimento do país. A empresa cresceu 10% ao ano não porque o senhorio tenha feito alguma coisa para isso mas porque o empresário fez.
Mas o senhorio não fica prejudicado em nada. Ele continua a vender o mesmo produto com a mesma qualidade ao preço actualizado que combinou

A renda é o juro sobre o capital investido. A renda é justa se o juro for justo: Se o juro for alto de mais passa a ser usura.

Se o senhorio tivesse a loja fechada dentro de 20 anos provavelmente conseguiria aluga-la por 7 000 contos mes : Mas perderia as rendas ate lá.

O capital do senhorio não se desvalorizou em nada. Se a loja valesse 120 000 contos agora (ele retiraria de rendas 10% ao ano) dentro de 20 anos passaria a valer 223000 . Mas se o senhorio capitalizasse o valor das rendas teria os 223000 do prédio mais todas as rendas que recebera ate lá mais os juros compostos.

Quer isto dizer que se o senhorio pudesse acompanhar o crescimento da economia e ter um crescimento anual da renda (juros) igual ao da economia a sua taxa de juro passados vintes anos seria de 37.6%(84000 contos a dividir por 223000) ao ano , em relação ao capital investido corrigido com o valor da inflação.

37.6% de juro com uma inflação de 3% é usura e crime.


Só não se cria valor de trespasse se o imóvel estiver por alugar ou a economia decrescer.

terça-feira, março 06, 2007

Freitas

Estávamos em 1976, saído de fresco das cadeias da democracia era necessário organizar um novo jornal, um jornal que perguntasse na primeira página, respondendo à célebre palavra de ordem de Cunhal «É preciso partir os dentes à reacção»:
«-E agora Dr Cunhal quer partir os dentes a quem?»

«A Rua» assumiu-se como o «único jornal da direita que não é do centro» embora apoiasse o CDS no primeiro número e o primeiro entrevistado fosse Freitas do Amaral.

Freitas do Amaral, que considerava Salazar um socialista, telefonava no princípio regularmente para nossa casa., telefonava mesmo vezes de mais.
-É o Freitas do Amaral foi uma frase que nós os cinco(somos cinco, três raparigas e dois rapazes) repetimos muitas vezes depois de correr para ver quem é que atendia primeiro o telefone .

As ilusões sobre Freitas do Amaral depressa se eclipsaram na cabeça de meu pai. Depois de um almoço com o Sr Professor , chegou a casa com os cabelos em pé:
-Este tipo é uma besta, não sabe nada de nada, só sabe de Direito Administrativo, nem sabe quem é o Raymond Chandler...

Memórias

Entrámos no carro e dirigimo-nos para Lisboa. Todo contente, com um ar de gozo, o meu pai ligou a musica, tocava a Grândola Vila Morena.

Embora não tivesse grandes dotes musicais e para grande vergonha minha ( era uma música comunista) foi a cantar a Grândola até Lisboa. Às tantas já cantávamos os dois.

-É uma grande marcha e o Zeca Afonso canta muita bem…- exclamou ele

No dia em que a Direita tiver a coragem de cantar a Grândola e piná-la aos comunistas o país muda...

Memórias

Comecei a trabalhar na «A Rua» com os meu dezasseis ou dezassete anos, às terças e quintas da parte da tarde, com a tarefa de organizar o arquivo. A redacção tinha muita gente, Antonio Maria Zorro era o chefe de redacção e eu gostava do movimento do jornal.

À medida que as dificuldades financeiras do jornal se agravavam o rodopio abrandava . Muitos redactores passaram-se para O Diabo O meu part-time foi-se alargando ate se transformar em full-time. Valter Ventura entrou para a chefia da redacção e um novo fôlego parecia ter nascido.

Uma vez por semana apareciam para uma reunião as grandes figuras do jornal: Domingos Mascarenhas, António Lopes Ribeiro, Amândio César , Jasmins Pereira … era um prazer estar ao pé de gente com tamanha envergadura.

O meu pai na sua enorme secretária rectangular totalmente atafulhada de papeis estava nas suas sete quintas com aqueles senhores, a felicidade saltava-lhe dos olhos.

Nos outros dias da semana a ansiedade e as aflições tomavam conta do Sr Director. A tipografia tinha que ser paga a pronto: 300 contos por semana. Os telefonemas multiplicavam-se, os leitores mais abonados ajudavam conforme podiam e queriam, falava com este industrial, com aquele financeiro e os cheque iam chegando. A publicidade reduzia-se à Casa da Sorte e ao Casino Estoril. Leitores de todo o mundo enviam pequenas quantias acompanhadas sempre de longos testamentos muito simpáticos.


O jornal às tantas reduzia-se a cinco pessoas. Valter e o meu pai redigiam quase o todo o semanário.

Não valia a pena. As pessoas, mesmo da direita tinham que ganhar a vida, arranjar empregos, tratar da família. O perigo comunista estava afastado, as herdades devolvidas, as indemnizações pagas.

Já não era preciso o Múrias.

Estava aí a CEE, o nosso futuro iria ser radioso com carros, frigoríficos e carimbos nos passaportes.

Portugal? É uma marca. Ninguém luta por uma marca, nunca ninguém morrerá por uma garrafa de Coca Cola ou por uma lamina Gillete.

Como marca que é, desvalorizada com está estamos sujeitos a uma OPA hostil e silenciosa. Os cavalos de Tróia já cá estão.

segunda-feira, março 05, 2007

Memórias

Caro Francisco
No outro dia, arrumando alguma da dessarumação que me povoa a casa, encontrei uma revista evocativa de cartoons da saudosa A Rua.
Tenho apenas 34 anos, mas a Direita, aquela séria e que não se verga, sempre me esteve no patrimonio e na massa.
Pedia-lhe, caso tenha paciência e o dom da partilha, que evocasse alguns momentos da célebre coligação MIRN/PDP-PDC-FN, onde o senhor seu Pai esteve bem activo.
É também ele das memórias gratas de luta e entrega que me restam.

bem haja e forte abraço

Meu Caro

Sem consultar nada nem ninguém e a memoria, como se sabe, atraiçoa-nos muitas vezes, posso contar aquilo de que me lembro.

Estávamos nos tempos da organização da célebre coligação «Aliança Democrática» e o meu pai através da «A Rua» procurava que a Direita tivesse alguma influencia nas politicas do país. Na sua actividade de jornalista encontrava-se regularmente com Lucas Pires e Amaro da Costa (por quem ele tinha uma genuína admiração) Veio então a ideia da «A Rua» apoiar a AD recebendo em troca a inclusão de alguns candidatos a deputados independentes nas listas da dita coligação. Antonio Lopes Ribeiro estava entre eles e o meu pai estava excluído. Em nossa casa, numa noite de Verão, Lucas Pires e a mulher foram lá jantar e ficou combinado o acordo:

Entravam nas listas da AD meia dúzia de personalidades da Direita, se não me engano, em lugares não elegíveis, e em troca «A Rua» apoiava a AD com uma condição:

Não eram candidatos a deputados pela AD desertores.

Aceite a condição ficou selado o acordo com um aperto de mão.

Dias depois a AD deu o dito por não dito. Freitas do Amaral opunha-se, queria Medeiros Ferreira nas listas.

Desapertada a mão, furioso pelo não cumprimento do acordo, o meu pai decidiu encetar os contactos necessários para a formação de uma outra coligação. Juntando-se ao PDC e ao MIRN concorreram às eleições. Milhares de votos foram roubados à AD, alguns deputados a Aliança Democrática perdeu e o meu pai não foi eleito por Lisboa por uma unha negra.

domingo, março 04, 2007

Papa João Paulo II

Corpus Christi - Milagre Eucarístico de Lanciano!

Santa Comba

A religião do mercado: Deus e a Mamona

Nos anos 80 do século passado, em contraposição ao socialismo democrático e à teologia da libertação, assistiu-se ao aparecimento e revitalização de uma nova teologia política: a neoconservadora. Os seus representantes mais conhecidos foram sociólogos e politólogos, provenientes de destacadas universidades americanas: M. Novak (católico), R. Neuhaus e R. Benne (luteranos), etc.

O seu objectivo fundamental é o de apresentar o capitalismo, tal como eles o entendem, como o sistema mais humano, racional e justo, sublinhando a afinidade que existiria entre esse sistema e a tradição judaico-cristã. Embora os indivíduos persigam os seus interesses próprios, no final, mediante um secreto desígnio divino e uma espécie de harmonia preestabelecida, precisamente do livre jogo de interesses individuais resulta a ordem social. E o mercado aparece com uma missão quase divina. O mercado é um pouco como Deus: Providência para todos. Se para alguns é causa de sofrimento e até morte, Ele saberá a razão pela qual isso acontece: será uma provação ou castigo; de qualquer modo, um sofrimento passageiro, que terá uma redenção final.

Temos aqui uma espécie de "mercadodiceia", como substituto da antiga teodiceia, portanto, o mercado como chave de solução dos problemas humanos e da felicidade.

No quadro do seu estudo crítico sobre os fundamentalismos, o teólogo Juan José Tamayo sublinha a importância do fundamentalismo económico neoliberal, com características de uma religião e uma teologia própria: precisamente a teologia do mercado.

É uma religião que quer passar despercebida, como se o não fosse. Eis algumas das suas características: o seu dogma fundamental são o poder e a força expansiva do Dinheiro, que se torna o comando do destino dos seres humanos e o controlador das suas consciências; anuncia o evangelho da felicidade aos pobres; os seus sacramentos são os produtos comerciais, envolvidos numa bela e atraente simbólica venal e que excita o desejo; como já Walter Benjamin tinha visto, os seus templos são os bancos; os seus sacerdotes são os banqueiros e grupos financeiros; a sua ética, isto é, contra- ética, é a da competitividade e lucro sem limites; o seu deus é o mercado, um deus com atributos de toda a divindade: omnipotência, omnisciência e omnipresença - e é um deus único, que não admite rival, de tal modo que R. Garaudy tinha razão ao falar do monoteísmo do mercado; os deuses da teologia do mercado, que são criações históricas, personificando leis da economia de mercado, apresentam-se como naturais, e a sua lógica é a violência sacrificial estrutural, em cujo altar se imolam vidas humanas.

Nesta religião, não há lugar para a graça nem para a misericórdia e a compaixão. O deus que a anima são os ídolos do Ouro e da Prata, que já o Salmo 115, da Bíblia, desmascara: "Os seus ídolos são prata e ouro, obra de mãos humanas; têm boca e não falam, têm olhos e não vêem, têm ouvidos e não ouvem, têm nariz e não cheiram, têm mãos e não tocam, têm pés e não andam."

A Bíblia não é contra a riqueza, que considera, concretamente no Antigo Testamento, uma bênção de Deus. Mas é radical na denúncia da injustiça dos ricos e dos mecanismos de pauperização, declarando que Deus é defensor dos pobres. Isaías escreve: "Ai dos que afastam os pobres do tribunal e zombam dos direitos dos fracos do meu povo, fazendo das viúvas a sua presa e roubando os bens dos órfãos!"

Contra o endeusamento do Dinheiro Jesus deixou esta palavra decisiva: "Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há-de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro."

É importante observar que, no aramaico, Jesus diz: "Não podeis servir a Deus e a Mamona". Ao personificar e deificar a Mamona, quer denunciar as riquezas injustamente procuradas e adquiridas e aquela ambição demoníaca que estruturalmente produz injustiça e tudo sacrifica ao ter. O Dinheiro não é fim, mas meio ao serviço da Humanidade.

A história evangélica de Zaqueu, chefe dos cobradores de impostos, é significativa. Não se diz que Zaqueu renunciou ao seu dinheiro nem ao seu ofício. Mas a salvação entrou na sua casa, porque decidiu dar metade dos seus bens aos pobres e compensar generosamente as injustiças cometidas.

Como resume o exegeta D. Marguerat, o dinheiro, dentro de um sistema económico gerador de injustiças e deificado, é ilusório e mortífero; "investido na partilha, libertando os necessitados da sua vergonha, torna-se fonte de vida".

Anselmo Borges
Padre e professor de Filosofia

sexta-feira, março 02, 2007

Portas

Não consigo perceber que se possa ter alguma esperança em Paulo Portas. Ultrapassa-me:
Paulo Portas fez parte de um dos mais irresponsáveis governos de Portugal. Santana Lopes e Paulo Portas se não têm sido despedidos tinham levado o país a uma guerra civil - e eu só não combatia se me matassem. A revolta estava nas ruas – ouvi uma velhinha dizer que ia pôr bombas. O verbo defenestrar foi tirado do baú . Depois de Vasco Gonçalves foi o primeiro governo revolucionário com leis revolucionárias- foi-me dito numa reunião no Parlamento por um responsável do CDS que a lei das rendas era uma lei revolucionária (ao que eu respondi que não sabia que o CDS era um partido revolucionário, e o dito responsável ficou a olhar para mim com cara de parvo – nunca se tinha lembrado que quem faz leis revolucionarias são os revolucionários)

O que iam fazer com a lei das rendas era uma das maiores tragédias da História de Portugal – os bairros iam ser despovoados, as populações atiradas para os subúrbios, velhos, principalmente, iam ser obrigados a largar as suas casas, os comerciantes obrigados a abandonar as lojas. Todo esse imobiliário era posto à venda ao mesmo tempo e comprado por fundos imobiliários estrangeiros por tuta e meia. Todos os centros das nossas cidades passavam para as mãos da plutocracia internacional. Alfama, o Bairro Alto, a Sé deixavam de ser o que são sem as gentes, o povo, o bairrismo, os cheiros, os gritos,o amor e o ódio que lá habitam. Morriam, transformavam-se em condomínios fechados para reformados estrangeiros endinheirados .

Foi tudo feito às escondidas. A Lei foi discutida ao mesmo tempo do orçamento, as bancadas da assistência ocupadas por crianças das escolas para impedir os protestos de quem acompanhava a infâmia

Com aquela lei parte de Portugal morria definitivamente.

quinta-feira, março 01, 2007

Imagens proibidas






Graças à Casa de Sarto cheguei a estas imagens. São imagens do mais «moderno» que pode haver. São imagens do que é um aborto às vinte e tal semanas, imagens de actos praticados por países «modernos» e «avançados» como os Estados Unidos e a Inglaterra. São actos como estes que uma imprensa analfabeta e fanatizada pelo liberalismo de gente como o Sr Vasco Rato, considera que não devem ser penalizados. A multidão com o cérebro lavado pelos produtos branqueadores que são debitados diariamente através do papel e das ondas hertzianas está cada vez mais estúpida e má. A «tolerância» e a «compreensão» pela barbaridade tem limites. A brutalidade tem que ser travada. A ignorância tem que ser combatida. Os sacrifícios humanos têm que parar.