terça-feira, março 06, 2007

Freitas

Estávamos em 1976, saído de fresco das cadeias da democracia era necessário organizar um novo jornal, um jornal que perguntasse na primeira página, respondendo à célebre palavra de ordem de Cunhal «É preciso partir os dentes à reacção»:
«-E agora Dr Cunhal quer partir os dentes a quem?»

«A Rua» assumiu-se como o «único jornal da direita que não é do centro» embora apoiasse o CDS no primeiro número e o primeiro entrevistado fosse Freitas do Amaral.

Freitas do Amaral, que considerava Salazar um socialista, telefonava no princípio regularmente para nossa casa., telefonava mesmo vezes de mais.
-É o Freitas do Amaral foi uma frase que nós os cinco(somos cinco, três raparigas e dois rapazes) repetimos muitas vezes depois de correr para ver quem é que atendia primeiro o telefone .

As ilusões sobre Freitas do Amaral depressa se eclipsaram na cabeça de meu pai. Depois de um almoço com o Sr Professor , chegou a casa com os cabelos em pé:
-Este tipo é uma besta, não sabe nada de nada, só sabe de Direito Administrativo, nem sabe quem é o Raymond Chandler...

1 Comments:

Blogger Marcos Pinho de Escobar said...

Muito interessante. A que ponto chega a capacidade de um troca-tintas, o qual tudo deve ao execrando "antigamente". E a sua aliança com o PS? E o seu comportamento para bloquear uma tentativa de julgar os "descolonizadores exemplares"? Personagem nefasto.

7:28 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home