quinta-feira, novembro 15, 2007

Estalinismo

A Europa das Liberdades...
«Ouvi num noticiário que as autoridades italianas ponderam aplicar aos hooligans italianos a legislação criada para o combate ao terrorismo.»

«»«Esta arbitrariedade é bem característica do Estado Moderno, mas também da tendência governativa mais recente para controlo das populações. É claro que se aceitar que os governos podem definir, sem mais, quem é terrorista, estaremos a poucos passos de punir um homicida como um genocida (afinal, quem mata uma pessoa está a matar toda a Humanidade, segundo o preceito kantiano)»

O Corcunda, como sempre, percebeu à primeira o que está em causa com esta democratização da definição dos crimes. O Estado italiano ao considerar como igual cenas de pancadaria entre selvagens e a colocação de uma bomba numa estação está a considerar que estes dois crimes são iguais. Está a dizer que é igual o que é diferente. Quebrado este ponto na definição do tipo de crimes tudo é possível a partir daqui.

O método é conhecido e antigo. Estaline usou-o ao considerar como contra-revolucionário qualquer acto que discordasse da política oficial. Arthur Koestler no «O Zero e o Infinito» explica brilhantemente como funciona.

Passado este ponto é só uma questão de palavras: onde estava contra-revolucionário coloca-se terrorista.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não conhecia nem autor, nem livro. Deve ser interessante... Vou procurar, que deve ser do maior interesse!

Um abraço

O Corcunda

5:25 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Caro Corcunda:
O livro é interessantíssimo, embora deprimente. Demonstra como o «materialismo dialéctico» marxista leva inexoravelmente à destruição arbitraria mesmo dos seus mentores. É a ilogicidade programada.

Curiosamente, a versão inglesa (que li antes de haver tradução em português) intitulava-se «Midnight at Noon», ou «Meia-noite ao Meio-Dia»; ou seja: na altura em que o tal «socialismo dos povos» anunciava o zénite do Sol, havia apenas trevas...

Creio que se aplica mais do que o título «O Zero e o Infinito». De qualquer modo, um livro a ler e a meditar.

Caro Francisco: parabéns pelo excelente post. É preciso dizer - bem alto - o que se está realmente a passar, neste totalitarismo estalinista de capa «democrática».

Cumprimentos a ambos.

4:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O que falta aqui saber é qual é a definição que a lei italiana atribui a "terrorista". Porque uma pessoa pode ser terrorista em Itália e não o ser em Portugal, ficando essa qualificação dependente daquilo que a lei define como "terrorista". Se a lei italiana considerar como terrorista "aquele que semear o caos e a desordem pública através da violência", os hooligans encaixam-se perfeitamente nesse tipo legal incriminador. Podem ficar para sempre com o estigma de serem terroristas, mas o que é certo é que encaixam no tipo legal...

9:25 da manhã  

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