sexta-feira, março 09, 2007

Peniche

Hoje à noite, depois de ouvir Mário Crespo em amena cavaqueira com o Rosas propor que o Forte de Peniche fosse transformado num museu sobre Salazar lembrei-me da ultima visita que lá fiz.

Entrei no forte e logo me apareceu um anti-fascista com boina basca a oferecer-se como cicerone. Aceitei, prevendo o final…

O forte é pequeno e as celas são três ou quatro. O anti-fascista descrevia-me pormenorizadamente os moveis de cada cela (espartanas mas já estive em hotéis piores) querendo-me convencer do horror que aquilo era Chegámos finalmente à sala de visitas com um vidro que separava as visitas dos preços.

-Desta parte lembro-me eu !- exclamei
-O Sr teve cá alguém preso? pergunta-me o comunista excitado
-Tive… o meu pai.
-Ah e quando é que ele cá esteve?
Fiz uma pausa..... e respondi-lhe:
-Depois do 28 de Setembro de 1974.Foi preso pelos senhores por ter escrito um artigo. Esteve 14 meses preso sem ser julgado. Conhece algum antifascista que tenha estado preso 1 ano e 2 meses sem julgamento?

Foi-se embora a olhar para o chão e nunca me respondeu. Porque será?

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Também ouvi parte da conversa do Rosas com o Crespo (outro oportunista, que muda de discurso d'acordo com a cor política do entrevistado em presença, ele que foi corrido de Washington por ser, além de antipático até dizer chega, demasiado comunista para o posto e o local que ocupava, como lá foi apelidado, mas como era da praxe e moda na altura - a corrente comunista a ditar leis - tinha que fazer a sua exímia e oportunística representação em concordância, como compete a todos os troca-tintas de meia tigela. Como o comunismo desapareceu do mapa, assim ele foi dando a volta ao discurso e ao seu respectivo tom, como lhe convinha para ir assegurando o posto, agora cá com a ajuda do Emídio Rangel, segundo ele revelou, estoutro 'fresco' também). A determinada altura o Rosas sugere que sim, senhor, um museu do Salazar até não é contra (não faltava mais nada que o fôra, especialmente depois de ver as manifestações dignas e patrióticas - que os assustaram e não terá sido pouco - das gentes corajosas de Santa Comba), mas que tal museu não se transforme em pretexto para o Povo lá ir em peregrinação ou em romaria, lá isso não, tal seria intolerável!!!
Mas o Rosas manda no Povo Português, porventura?
E o Rosas tem alguma coisa a ver que o Povo Português - o verdadeiro Povo, não aquele a que ele pertence - vá em peregrinação ou deixe de ir, ao dito museu?!? E se fôr, ele vai bater-lhe?!? Por ele até seria capaz de o fazer - mas só em grupo, claro, porque eles não actuam isoladamente, só o fazem em grupo diferentemente das manadas de bois, como assinalou e bem, um dia, o Gen. Galvão de Melo, se não estou em erro - mas se o tentar, já agora que o faça em Santa Comba, ele que vá até lá que o povo lá da terra recebe-o 'bem 'e oferece-lhe o 'feijão com arroz e grão'.
O Rosas, com as características intoleráveis próprias do espectro ideológico a que pertence e que nada têm de aproximado, sequer, com a génese e sentir profundo do verdadeiro Povo Português, na sua enormíssima maioria, só abusa da linguagem (ainda) revolucionária e mandona e faz-se procurador do Povo Português, sem que este lhe tenha passado procuração alguma, porque (ainda) está protegido por o escudo semi-invisível de quem dele/s precisou (e ainda vai precisando) para virar o País de pantanas, roubar e assassinar a torto e a direito, como de facto aconteceu, sem que disso tenha/m prestado contas (ainda) a este mesmo Povo sofredor e demasiado pacífico para com tantos crimes de lesa-Pátria e de sangue, por essa gente cometidos e ainda impunes. Esperemos que o venham a fazer um dia não muito distante. Os crimes, todos os crimes quaisquer que eles sejam, devem ser punidos como manda a lei, ou não é o que ela (lei) determina?
Repito: o Rosas e todos os seus apaniguados, isto é, a esquerda e a extrêma desta, que estão permanentemente e desde há 32 anos, a falar em nome do Povo, mandam porventura no Povo Português? E se mandam - como eles julgam ou fingem que julgam - quando é que o Povo Português os põe no lugar a que efectivamente pertencem? Este Povo sofredor e bom, já atingiu há muito o limite do suportável.

Parabéns pelos seus textos e p'los artigos do seu Pai que vai aqui transcrevendo.

Maria

8:45 da manhã  

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