segunda-feira, maio 15, 2006

Memórias

Ao Miguel Freitas da Costa um grande abraço e se bem me lembro em 75 o meu pai gozava a liberdade principalmente em Peniche e na Penitenciaria.A familia passava com ele, atras de um vidro, os fins de semana.

Mas apesar de preso , os comunas achavam que ele organizava coisas perigosissimas:
A determinada altura uma tia minha fugiu para o Brasil e ofereceu-nos o frigorifico. A minha mãe ofereceu o nosso frigorifico à nossa empregada.
O marido arranjou uma carrinha e foi lá buscá-lo.

Nessa noite, estava a minha mãe sózinha com os seus cinco filhos (eu era o mais velho e tinha 12 anos) e entrou-nos um regimento pela casa dentro para a revistar.Tinham tido uma denuncia que andavamos a traficar armas:

-Olha, olha o fascista tem aqui os Discursos do Salazar- comentava um revolucionário feio, porco, mau e muito estupido.
-Eh pá mas o gajo tambem tem o Lenin pá- agora é que já não percebo nada.
Apreenderam uma pistola de pesca submarina sem elastico.