sábado, maio 06, 2006

Alfredo Pimenta

Edifiquemos, primeiro, o que há-de substituir o defeituoso e depois destruamos então o que é mau. Há cinquenta anos que temos andado na fúria do bota abaixo. E que erguemos nós? Que edificámos nós? Mentiras, mentiras e só mentiras. A vida política, a vida social, a vida económica, a vida financeira, a vida mental deste pobre país, é um conjunto de mentiras e mistificações.É mentira a democracia, a liberdade, a fraternidade; é mentira o parlamentarismo, a independência dos poderes, a soberania nacional; é mentira a família pervertida pelo divórcio; é mentira a propriedade, assaltada por atributos arbitrários; é mentira a educação, inspirada nas campanhas nefastas de uma imprensa medíocre; é mentira a nossa riqueza, estagnada ou rotineira; é mentira a nossa ilustração feita de farrapos dessas doutrinas, ministrada por professores quase sempre - burocratas sem paixão pelo seu mister, inutilizando, assim, os esforços sadios de uma minoria por demais conhecida - a nossa ilustração que, em vez de técnica, é livresca, em vez de criar utilidades sociais, cria bacharéis decorativos.Não me perguntem se ainda vamos a tempo de vencer a onda que se desencadeou. Não curo disso. Tratemos de, com tempo ou sem tempo, fazer frente à tempestade. Eu não sou obrigado a triunfar das minhas afirmações: mas sou obrigado a formulá-las, para que outros oiçam. Falo para os que estão comigo e para os que estão do outro lado - para que todos iniciem a acção construtiva, orgânica, positiva, absolutamente indispensável para o levantamento da Nação. Pode ser que, por tardia, ela nada consiga já. Mas temos a certeza de que continuando na orientação dominante - espera-nos a morte.»Alfredo Pimenta(In «Novos Estudos Filosóficos e Críticos», págs. 120 a 122)
Pinado do FASCISMO EM REDE