sexta-feira, maio 05, 2006

O CFR

Edward House era aquilo que se poderia chamar hoje Conselheiro para a Segurança Nacional do Presidente Wilson. Conseguiu convencer o Presidente a recrutar nas universidades «La crème de la creme» dos estudantes. Criar na elite um círculo que «ajudasse a educar todo o público»
Foram estes estudantes que procurando informação na Biblioteca do Congresso e na Biblioteca da Universidade de Columbia ajudaram a criar as fronteiras do Pós 1ª Guerra mundial …

A Conferencia Paz que assinalou a Nova Ordem Mundial começou oficialmente em 18 de Janeiro de 1919 em Paris que era uma sombra de si própria. Os vestígios da guerra viam-se por todo os lados: canhões capturados aos alemães nos Champs-élysées e na Praça da Concórdia, montes de entulho rodeavam os buracos onde as bombas alemãs tinham caído, uma enorme cratera no jardim das Tulleries e da Catedral de Notre Dame tinham sido retirados os vitrais que lhe cobrem as janelas. Os Boulevards completamente carecas das árvores que na penúria da guerra serviram para aquecer as famílias parisienses começavam agora a ressuscitar. Um milhão e 300 000 franceses entre os dezoito e os 30 anos tinham morrido A crise económica era evidente: manifestações, greves, desemprego e fome. A esquerda berrava pela Revolução a direita sonhava com a ordem . Foi neste clima que começaram a chegar à cidade luz as delegações da maior parte dos países do mundo : a delegação arabe era presidida pelo príncipe Feisal sempre acompanhado de perto pelo celebre T.E. Lawrence mais conhecido por Lawrence da Arábia, do Império Britânico veio gente da Austrália, da Nova Zelândia, da África do Sul e da Índia um marajá . Checos, polacos brasileiros e portugueses enchiam Paris.

A cidade enfeitou-se para receber a fina-flor da política mundial. Na Rússia entretanto a revolução bolchevique seguia imperturbável. Em dezoito meses este país imenso tinha passado de uma monarquia absolutista para uma democracia liberal para assentar como o pó numa revolução comunista. Os ingleses recebiam relatórios das infâmias que por lá se passavam: as mulheres tinham sido nacionalizadas e enviadas para comissariados do amor livre, as igrejas tinham-se tornado em Bordeis e as matanças tinham-se tornado num hobbie dos revolucionários.


O Presidente Wilson tinha ideias originais embora pouco trabalhadas. O ideia de auto-determinação é dele embora não soubesse muito bem o que era: queria dizer auto-determinação de uma raça? De um território? De uma comunidade? De uma religião ? Será que num país como os Estados Unidos com uma miscelandia de raças, de religiões e nacionalidades diferentes as pessoas não poderiam viver felizes e contentes? Estas perguntas foram feitas pelo seu secretario de estado Robert Lansing que acalentava o sonho que tal ideia nunca fosse realizada pois se o fosse «o seu custo seria milhares de vidas. Mal sabia ele como acertou…

Lloyd George o primeiro-ministro britânico era um self mademan. Oriundo de famílias humildes detestava a aristocracia latifundiária britânica. Preferia banqueiros, mas mais do que os banqueiros propriamente ditos adorava as suas mulheres. Para assuntos económicos era aconselhado por John Maaynard Keynes. Com muito pouca coisa na cabeça (pensava que Meca era a capital da Turquia ) tinha algumas semelhanças com o Presidente Wilson . Este dizia aos tais estudantes: «Digam-me o que está certo e eu lutarei por isso» Lloyd George foi mais longe: numa das reuniões da Conferencia Keynes enganou-se no relatório que lhe entregou para ele defender juntos dos seus homólogos.Lloyd Geoge esteve grande parte do encontro a defender as ideias do estudo até que Keynes em pânico lhe conseguiu fazer chegar um papelinho a dizer que o que ele devia fazer era defender o contrario do que ate esse momento tinha defendido; pois bem, ele não se atrapalhou : fez uma pausa e começou alterar o raciocínio lentamente para passados dez minutos estar a defender exactamente o contrario do que tinha defendido 15 minutos antes.



No fim da Conferencia alguns diplomatas e estudantes reuniram-se no Hotel Magestic ainda em 1919 para tentar arranjar o modo daquela organização continuar. O Hotel Magestic tinha sido inaugurado em 1907 num palácio de 405 quartos na Av Kleber em Paris . Foi comprado pelo estado Francês em 1937 é lá funciona actualmente o Centre International des Conferences . Propuseram então que se criasse o Anglo-American Institute of Foreign Affairs com duas ramificações:uma em Nova York e outra em Londres.

Entretanto o grosso dos nossos jovens quando regressaram à América descobriram que os seus conterrâneos se estavam completamente nas tintas para grandes organizações com o fim de «educar o público» e que o que os Americanos queriam era viver habitualmente em paz e sossego.
-É normal depois de vários anos de guerra e milhões de mortos…-
-Sim mas no entanto 108 altos quadros da finança, industria comercio e advocacia «preocupados com os efeitos que a guerra e o tratado de paz podiam ter nos negócios» reuniram-se em Junho de 1918 na privacidade de um clube de financeiros de Nova York Resolveram criar o Council on Foreign Relations.

-O rapazes do Hotel Magestic, que já andavam nervosos para «educar o publico» viram naquele evento a sua oportunidade, pois o American Institute of International Affaires poderia trazer a experiência diplomática, os «especialistas» e contactos de alto nível. Os financeiros por seu lado poderiam trazer fundos. Juntaram-se portanto a fome com a vontade de comer. Em 3 de Fevereiro de 1921 os dois grupos realizaram um encontro preliminar e as negociações prolongaram-se por 5 meses. Alugaram então um espaço na 25 West 43rd Street e concordaram em alargar o circulo seleccionando e convidando para membros «um numero de indivíduos escolhidos cuidadosamente». Estes factos são de tal maneira reais que podem ser consultados na página da Internet do CFR.
O poder do CFR é um poder não escrutinado, debatido apenas dentro de quatro paredes, cujas resoluções são tomadas por homens escolhidos apenas dentro do mesmo círculo de amizades e conhecimentos. São claramente uma casta com um poder de influência monumental, escondido e envergonhado.