quarta-feira, agosto 23, 2006

Temporariamente sós

«Do que ficou dito é possível concluir que, no que diz respeito às relações luso-americanas, o período de maior fricção e isolamento foi bastante curto, durando pouco mais de um ano. Não que os efeitos desta crise não se tenham feito ainda sentir durante mais alguns anos e não tenham deixado marcas, mágoas e desconfianças mútuas, algumas das quais não seriam de todo apagadas. Mas, na verdade, julgamos não se poder falar numa inversão de fundo e definitiva da política seguida pelos norte-americanos para com Portugal desde a segunda Guerra Mundial. Isto é, após aquele "ano horrível" de 1961, Portugal não sentiu da parte dos Estados Unidos uma pressão suficientemente incómoda para fazer perigar a estabilidade do regime e a continuação das Guerras Coloniais. Tanto mais que, nos anos seguintes, correspondentes à administração de Lyndon Johnson (1964-1968), esta tendência se confirmou. A política adoptada pelos Estados Unidos em relação a Portugal a partir de meados de 1962 iria ser reforçada ainda mais durante a Presidência de Johnson, podendo Porugal contar com uma verdadeira "neutralidade colaborante" por parte dos americanos no que respeita à sua política colonial e, por conseguinte, ao essencial da sua política externa. Por isso, pode mesmo dizer-se que, no que respeita às suas relações políticas e diplomáticas com os americanos, durante o período em análise os portugueses não se encontraram "orgulhosamente sós", mas antes "temporariamente sós".»

"Orgulhosamente Sós"? Portugal e os Estados Unidos no início da década de 1960 Comunicação apresentada ao 22º Encontro de Professores de História da Zona Centro, Caldas da Rainha Abril de 2004Luís Nuno Rodrigues