sexta-feira, junho 09, 2006

É tempo de dizer basta

Delator, bufo, acusador, denunciante, revelador, traidor, destruidor são palavras que podem ter o mesmo significado, nada simpatico por sinal

O acto de bufar, o acto de delatar, o acto de trair é considerado pelo senso comum como um acto desprezível, é abusar da confiança depositada, é trair os amigos, atraiçoar quem lhe dá o pão. O simbolo de Satanas é a cobra que se associa institivamente a um traidor.

Ser bufo é perder o caracter - não se ensina um filho a delatar, não se ensina um filho a trair- o delator julga-se juiz, policia e moralizador, tres pessoas numa só como a Santissima Trindade.

Vem isto a proposito da nova filosofia quer parece estar por detras de muitas das leis e regulamentos publicados nos ultimos anos.A fiscalização está a ser privatizada.Cada um de nós por lei passou a ser fiscal sem ordenado,bufo do vizinho, delator do cliente, denunciador do amigo, destruidor do inimigo.

Se comprarmos uma casa, e um reformado receber uma comissão pela venda, somos obrigados por lei, sob pena de prisão, a denunciar o velhote, se tivermos um restaurante somos obrigados por lei a medir a temperatura do carro do talhante e a registá-la para uma possivel actuação das autoridades sobre o fornecedor, se formos contabilistas somos obrigados por lei a denunciar às finanças quem presumivelmente foge ao fisco, qualquer carta anonima é investigada, fazendo de qualquer pessoa que tenha alguem que não goste dele suspeito de qualquer crime. A partir de agora quem tenha um restaurante ou um bar é obrigado a denunciar às autoridades o criminoso que fume no seu estabelecimento.

O Estado para alem de se enfiar em todos os cantinhos da nossa vida, quer fazer de nós gente sem caracter, traidor dos amigos, denunciador dos clientes.

É tempo de dizer basta.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caro Francisco:
Plenamente de acordo. Só que o «Estado» a que se refere já não é senão uma estrutura ôca, uma «empty shell», esvaziada de conteúdo pelos sucessivos bandos de aves de rapina que a têm ocupado. Temos realmente de dizer basta. E actuar. Depressa, pois, como disse noutro postal, é extremamente perigoso o poder (e as armas) caírem nas mãos do povo anónimo. Que é o que acabará por acontecer se nós, cidadãos ainda com algum tino e honra, não agirmos civilizadamente (o que não quer dizer que sejamos brandos).

O momento é de indignação, mas poderá ser de revolta a breve trecho.

Um abraço.

12:04 da tarde  

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