quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Venha a nós o Vosso Reino

Papa Bento XVI
Audiência geral de 21/02/07 (trad. DC 2376, p. 266 © Libreria Editrice Vaticana)

A Quaresma, caminho para uma verdadeira liberdade

Desde as origens a Quaresma é vivida como o tempo da preparação imediata
para o Baptismo, a ser administrado solenemente durante a Vigília pascal.
Toda a Quaresma é um caminho para este grande encontro com Cristo, esta
imersão em Cristo e este renovamento da vida. Nós já somos baptizados, mas
o Baptismo com frequência não é muito eficaz na nossa vida quotidiana. Por
isso, também para nós a Quaresma é um renovado "catecumenado" no qual vamos
de novo ao encontro do nosso Baptismo para o redescobrir e reviver em
profundidade, para nos tornarmos de novo realmente cristãos. Portanto, a
Quaresma é uma ocasião para "nos tornarmos de novo" cristãos, mediante um
constante processo de mudança interior e de progresso no conhecimento e no
amor de Cristo.

A conversão nunca é de uma vez para sempre, mas é um processo, um caminho
interior de toda a nossa vida. Este itinerário de conversão evangélica
certamente não pode limitar-se a um período particular do ano: é um caminho
de cada dia, que deve abraçar toda a existência, todos os dias da nossa
vida...
O que é converter-se, na realidade? Converter-se significa procurar Deus,
estar com Deus, seguir docilmente os ensinamentos do seu Filho, de Jesus
Cristo; converter-se não é um esforço para se auto-realizar a si mesmo,
porque o ser humano não é o arquitecto do próprio destino eterno. Não fomos
nós que nos fizemos. Por isso a auto-realização é uma contradição e é
também demasiado pouco para nós. Temos um destino mais nobre. Poderíamos
dizer que a conversão consiste precisamente em não se considerar
"criadores" de si mesmos e assim descobrir a verdade, porque não somos
autores de nós próprios. A conversão consiste em aceitar livremente e com
amor de depender em tudo de Deus, o nosso verdadeiro Criador, de depender
do amor. Esta não é uma dependência mas liberdade.