segunda-feira, maio 01, 2006

O Drama


O Prof João Cesar das Neves é um aliado de peso na luta contra o estado totalitário.Hoje no Diario de Noticias procura, sem extremar posições, como é de bom tom, desdramatizar o avanço do totalitarismo chamando de comédia ( A comédia do Estado bisbilhoteiro ) ao drama e à futura tragédia que é este avançar devagar, devagarinho, da ingerencia dos «especialistas», contratados para tomar conta de nós,na nossa vida de todos os dias, na nossa vida privada: o Povo é atrazado mental:logo precisa de quem tome conta dele.

O erro do Prof César das Neves é denominar comédia ao drama.Para o SrJoaquim Costa (ver Restaurante com ordem de demolição ) a demolição do seu restaurante não tem piada nenhuma,para os nove empregados do Sr Joaquim Costa, a demolição do seu restaurante não tem mesmo piada nenhuma.

O erro do Prof Cesar das Neves é o nosso erro: só percebemos quando nos toca a nós.Foi erro da burguesia esquerdista no 25 de Abril,só reagiram quando lhes entraram pela casa dentro, Quando Sr JoquimCosta tem a Assembleia Muncipal do lado dele, vêm uns burocratas de Lisboa, uns «especialistas», que para o bem dele,para o bem dos empregados dele, dos clientes dele,para o nosso bem , lhe arrasam o restaurante.

O erro é de informação, da nossa capacidade de conseguir mostrar o drama. A caracteristica do drama é a parte sobrepôr-se ao todo. O medo de hoje sobrepôe-se ao medo de amanhã(1). O drama do Sr Joaquim Costa é bem real, o medo dele é o medo de hoje, se não conseguirmos entrar no seu drama não teremos medo hoje e assim não há drama, há comedia para nós.

Só quando tivermos o medo dos outros , possuirmos a capacidade de entrar no persongem, ou o actor tiver o talento de nos transmitir as suas emoções é que há drama .

A transmissão das emoções dramáticas é condição para haver drama.É por isso um problema de comunicação. Aprender com o mal dos outros é uma maneira bem mais inteligente do que aprender com o nosso mal. Ou será, que como a esquerda, só vamos aprender quando nos entrarem pela casa dentro?
(1) Raymond Chandler -«Ingénua perigosa»