segunda-feira, julho 21, 2008

Viagem ao Egipto


A chegada ao Egipto começa realmente em Roma. Cleópatra , César? Não. À entrada do avião da Alitalia para o Cairo percebemos que vamos para outro mundo: quatro gorilas vestidos de policia, armados de metralhadoras, revistam quem tenha ar de «suspeito».Eu não tenho, a Paula tem, está grávida de seis meses – e estar grávida em Itália é ser suspeita, ninguém acredita que uma senhora possa estar grávida - uma mulher policia armada de luvas de plástico brancas manda-a sair da fila e ordena-lhe que a acompanhe. Revistaram-lhe a barriga, encontraram um bebé lá dentro.

Ainda não tinha havido o nine eleven , a data do atentado terrorista que tem nome de loja de conveniência, do Bin Laden ninguém nunca tinha ouvido falar . Estávamos em 1994 e dirigíamo-nos para o Cairo, onde, contra os conselhos de toda a gente, nos propúnhamos alugar um carro e descer até Assuão e subir novamente até ao Cairo. Recentemente um atentado feito por fundamentalistas islâmicos tinha morto onze turistas. Ainda não existia a Al Queda, ainda o FBI não tinha imaginado tal terrível organização . Os meus amigos diziam-me:
-Tu és maluco, ainda por cima com a tua mulher grávida - estar grávida para a maioria das pessoas era estar doente.
-O Egipto está cheio de grávidas – dizia-lhes eu
-Então e os atentados ?
- Ser morto por um atentado é uma probabilidade estatística muito baixa , é como sair o Totobola.
Por acaso íamos ao Egipto com quatrocentos contos que nos tinham saído no Totobola.