segunda-feira, janeiro 14, 2008

COMO A IGREJA CRIOU A EUROPA

Como os debates da Constituição Europeia e Tratado de Lisboa mostram, a Europa vive uma grave crise de identidade। A origem profunda está num antigo mito que o volume A Vitória da Razão (Random House, 2006; Tribuna da História, 2007) do grande sociológico da religião Rodney Stark se esforça por destroçar. O subtítulo indica-o claramente: "Como o Cristianismo gerou a liberdade, os direitos do homem, o capitalismo e o milagre económico no Ocidente."Esta ideia não surpreende. Dado que a Europa criou os valores da sociedade moderna e é uma zona cristã, seria muito estranho não existir uma relação estreita entre esta origem e aqueles efeitos. Apesar disso é preciso afirmá--lo, porque segundo a tese comum, a Igreja manteve o continente na obscuridade e miséria durante séculos até que a emancipação, com o Humanismo e Iluminismo, permitiu a ciência, liberdade e prosperidade actuais. Esta visão, divulgada por discursos, livros de escola e tratados de História, é simplesmente falsa.Pelo contrário, a Igreja Católica, vencendo o paganismo obscurantista e civilizando os bárbaros, foi uma poderosa força dinâmica, estabelecendo os valores de tolerância, caridade e progresso que criaram a sociedade contemporânea. A Idade Média, conhecida como "Idade das Trevas", foi uma das épocas de maior de-senvolvimento e criatividade técnica, artística e institucional da História.Os filósofos humanistas e iluministas posteriores repetiram, em boa medida, ideias medievais. Esta tese está longe de ser original (ver, por exemplo R. Pernoud, 1979, Pour en Finir avec le Moyen Age, Ed. du Seuil; S. Jaki, 2000, The Savior of Science, William B Eerdmans Pub. Co; T. Woods, 2005, How the Catholic Church Built Western Civilization, Regnery Pub.), mas continua oculta debaixo do persistente mito.As razões desse engano são muito curiosas. Como explica Stark, todas as ditaduras exploram o povo para criar obras grandiosas à magnificência dos tiranos. Foi assim Roma e os reinos orientais. Destroçado o despotismo com a queda do império, a Cristandade gerou um surto de criatividade prática, pois as populações não temiam a pilhagem dos ditadores. Assim as realizações da Idade Média resultaram em melhorias da vida das aldeias, não em monumentos que os renascentistas poderiam admirar. Por isso esses intelectuais posteriores, nos seus gabinetes, desprezaram uma época sem mausoléus, enquanto louvavam as tiranias de que só conheciam a arquitectura e erudição.Os avanços conseguidos na chamada Idade das Trevas são impressionantes, todos dirigidos a melhorar a vida concreta (op. cit. c. II): ferraduras, arado, óculos, aquacultura, afolhamento trienal, chaminé, relógio, carrinho de mão, etc. A notação musical, arquitectura gótica, tintas a óleo, soneto, universidade, além das bases da ciência, a separação Igreja-Estado e a liberdade dos escravos (c. III) são também criações medievais. Em todos estes avanços, e muitos outros, têm papel decisivo mosteiros, conventos e escolas da catedral, bem como a confiança da teologia cristã no progresso, contrária à de outras culturas.Mais influente, nos séculos XI e XII em Itália nasceu o capitalismo (c. IV), sistema que suporta o desenvolvimento, e que tantos ainda julgam ter origem oitocentista e protestante. A prosperidade mercantil e bancária então conseguida gerou verdadeiras multinacionais que promoviam a manufactura e comércio na Europa saída do feudalismo. Depois a peste negra, a guerra e os déspotas iluminados, retornando à pilhagem clássica, destruíram esse florescimento e levaram os filósofos tardios a pensar ter descoberto o que os antepassados praticavam.Nessa reconstrução perderam-se alguns elementos centrais da versão católica inicial. Por exemplo, no século XII, "cada vez que faziam ou reviam um orçamento era criado, com algum capital da empresa, um fundo para os pobres. Estes fundos aparecem registados em nome 'do nosso bom Senhor Deus' (...) quando uma empresa era liquidada, os pobres eram sempre incluídos entre os credores" (p.167).

João César das Nevesprofessor universitário

naohaalmocosgratis@fcee।ucp।pt

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E depois de tudo isto, ainda querem retirar os "Santos" do nome das escolas públicas...

8:40 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

E os Crucifixos.Como estes tipos são cobardes, não têm a coragem de proibir o catolicismo; canalhas.

2:52 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Na sua homilia semanal, o Abominável César das Neves volta ao ataque no «Diário de Notícias» de hoje, desta vez com um artigo que intitula “Como a Igreja Criou a Europa”.

O artigo é tão assombrosamente asinino e as alarvidades que contém são tão de tal forma ridículas, que para ficarmos com uma ideia basta citar estas singelas passagens:

«...a Igreja Católica, vencendo o paganismo obscurantista e civilizando os bárbaros, foi uma poderosa força dinâmica, estabelecendo os valores de tolerância, caridade e progresso que criaram a sociedade contemporânea.
«A Idade Média, conhecida como "Idade das Trevas", foi uma das épocas de maior desenvolvimento e criatividade técnica, artística e institucional da História».

Como se não bastasse, este manso e simples candidato ao Reino dos Céus ainda nos mimoseia com a afirmação de que devemos à a Igreja Católica o lançamento «das bases da ciência, a separação Igreja-Estado e a liberdade dos escravos».

Quem diz isto não pode ser só ignorante!
Quem diz isto não pode ser só um simples e pobre fanático, com os sentidos e o intelecto já completamente embotados por delírios místicos e religiosos.
Quem diz isto é muito mais do que uma abécula, mais do que um qualquer coitado pobre de espírito digno não mais do que de piedade e de muita, mas muita comiseração.

De facto, creditar à Igreja Católica ter trazido à História da Humanidade valores como a tolerância e o progresso, atribuir-lhe a responsabilidade pelo lançamento das bases da ciência, do fim da escravatura e até a separação da Igreja e do Estado, já não é simples estupidez ou mera ignorância.

Porque proferir estes dislates toca já as raias de uma incomensurável imbecilidade.

Só assim se explica que alguém possa ter a coragem e o autêntico arrojo de tentar fazer passar por parvos todos os leitores de um jornal e fazer de conta que ninguém nunca ouviu falar, por exemplo, no «Index Librorum Prohibitorum» ou a lista dos livros considerados perigosos ou “perniciosos” e que eram proibidos pela Igreja Católica Apostólica Romana – lista que ainda hoje existe(!) – entre os quais se contam os livros de Galileu Copérnico, Maquiavel, Erasmo, Espinosa, Locke, Berkeley, Diderot, Voltaire, Pascal, Hobbes, Descartes, Rousseau Montesquieu, Hume, Kant, Milton, Vítor Hugo, Zola, Stendhal, Flaubert, Balzac, Sartre, etc., etc.

Como pode alguém creditar uma organização simplesmente tenebrosa de ser «tolerante» e «caridosa» quando essa mesma organização é responsável pelo indizível sofrimento de milhares e milhares de pessoas ao longo de vários séculos, e não só sob a responsabilidade dessa autêntica associação de malfeitores (cujos responsáveis estão hoje todos canonizados), que dava pelo nome de Santa Inquisição – e que ainda hoje existe, embora sob o romântico nome de «Congregação Para a Doutrina da Fé» - e que ainda no ano de 1826 detinha poder suficiente para imolar pelo fogo alguém simplesmente acusado de “deísmo”?

Como pode alguém dizer que a Igreja Católica lançou as bases da Ciência enquanto queimou Giordano Bruno numa fogueira (não sem antes lhe ter pregado a língua a uma tábua «para o fazer parar de blasfemar») e ia fazendo o mesmo a Galileu?

Como pode alguém ter coragem de elogiar a Igreja Católica pelos seus elevados valores de tolerância e até mesmo por ter abolido a escravatura, quando se conhecem os massacres dos Cátaros, de centenas de milhar de judeus ou de “hereges”, ou os sucessivos massacres de populações inteiras perpetrados por ordas fanáticas organizadas sob o nome de «Cruzadas»?

Como pode alguém afirmar como época de grande desenvolvimento e criatividade institucional da História, precisamente a época em que viveu – e prevaleceu – Tomás de Torquemada?

Como pode alguém apodar de «poderosa força dinâmica» a mesma quadrilha organizada que tem contribuído para o atraso endémico de tantas sociedades, que sempre se tem aliado a ditadores sanguinários e que há já dois milénios tenta incutir aos Homens os mesmos valores de xenofobia, de homofobia, de misoginia, de racismo, de intolerância e de discriminação e, como se não bastasse, os mesmos preconceitos e abjectas taras sexuais de que, pelos vistos, os seus fiéis parecem invariavelmente padecer?


Mas, se virmos bem, talvez o mais triste disto tudo não esteja no pobre coitado do João César das Neves e nas imbecilidades que o «Diário de Notícias» o deixa escrever todas as semanas.

O que é profundamente triste é pensar na quantidade imensa de pessoas que, reféns do mesmo estúpido e cretino fanatismo, sofrem dos mesmos e precisos delírios e, lá no fundo,... pensam exactamente como ele...

3:58 da tarde  
Blogger Francisco Múrias said...

Há uma grande diferença entre César das Neves e este leitor.
É que o César das Neves assina o que escreve.

Mas este leitor é analfabeto.

Fala a língua que fala devido as cruzadas, tem a liberdade que tem devido as cruzadas , é português devido as cruzadas mas o leitor preferia ser muçulmano e ter a mulher de burka. Defende sem saber, coitado, o Al Andalus do Bin Laden.

Não percebe nada de nada. Não sabe que as Cruzadas foram antes de mais nada uma Guerra de Reconquista. Reconquista não conquista. Os Cristãos juntaram-se para resgatar o que tinha sido roubado. Será que ele não sabe que era Terra da Cristandade todo o Norte de Africa? Será que não sabe que toda essa terra foi conquistada pelos muçulmanos dizimando populações inteiras e convertendo à porrada toda a gente que lá vivia?

Não sabe que não havia separação entre a Igreja e o Estado e que o Estado usava e abusava da religião para perseguir oponentes políticos?

Não sabe que a Inquisição em Espanha e Portugal foi usada pelo poder politico?

Exactamente como está a acontecer agora em que esta nova religião do higiénico -laicismo foi transformada em religião de Estado e persegue através de leis e decretos a Igreja perseguindo a Família e todos os que fazem desse núcleo fundamental da sociedade a sua razão de viver.

Será que o Padre António Vieira não era da Igreja? Será que o Padre António Vieira não defendia a abolição da escravatura na altura em que ninguém defendia?

Este leitor é um aspirante a Torquemada do laicismo e do ateísmo.

Quer que o Diário Noticias não deixe o César das Neves escrever.

É um totalitarista

6:38 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Francisco Múrias és um Palhaço parecido da laia do Abominável César das Neves e como tal só mereces (não o meu respeito) mas a minha gozação.
se tiveres tomates vê este video que explica precisamente o que penso de ti e pessoinhas ridicúlas como tu. passa bem e vê lá se pensas um pouco!http://www.youtube.com/watch?v=WPAC_cGVnUg&eurl=http://rprecision.blogspot.com/

3:41 da manhã  
Blogger Francisco Múrias said...

Prometo-te que vou rezar por ti pois bem precisas

7:35 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home